Águas do Centro Litoral investe em ETAR na Vieira de Leiria para melhorar descargas no rio Lis

A Águas do Centro Litoral está a realizar trabalhos na estação de tratamento de águas residuais (ETAR) de Vieira de Leiria (Marinha Grande) para melhorar as condições de descarga no rio Lis, revelou a empresa.
“Esta intervenção pretende melhorar as características de descarga de efluente, após o tratamento na ETAR, estando a ser equacionada em dois níveis”, referiu a AdCL numa resposta escrita enviada à agência Lusa, justificando que visa responder aos requisitos mais exigentes da Agência Portuguesa do Ambiente.
A primeira, em curso desde o início do mês, passa por melhorar as condições de desinfeção, após o tratamento da atual ETAR, nomeadamente na afinação do efluente final por meio de desinfeção por ação de radiação ultravioleta.
“Esta intervenção, cujo valor rondará os 40 mil euros, consiste, igualmente, na construção de uma estação elevatória, de forma a permitir bombear o efluente tratado para o equipamento de desinfeção ultravioleta”, explicou a empresa.
A AdCL adiantou que, “adicionalmente, será construída uma lagoa de maturação, por forma a permitir a desinfeção por radiação solar e, se necessário, cloragem para melhorar as características microbiológicas do efluente”.
“Esta intervenção pretende, assim, reduzir a presença de microrganismos que possam condicionar a utilização regular do meio hídrico, tal como acontece nas ETAR dotadas de tratamento terciário”, afirmou, esclarecendo que estes trabalhos terminam até ao final de maio.
Já a intervenção definitiva “está em projeto de análise” e “requer uma caracterização, intervenção e contratação de empreitada, que pode levar à reformulação completa da forma de tratamento da ETAR ou o encaminhamento para tratamento na ETAR do Coimbrão [no concelho de Leiria]”.
A AdCL garantiu ainda que “a ETAR da Vieira encontra-se a operar dentro dos parâmetros definidos pela Licença de Utilização dos Recursos Hídricos, emitida pela Agência Portuguesa do Ambiente, não tendo sido registada qualquer anomalia recente”.
O delegado de saúde coordenador da Unidade Local de Saúde da Região de Leiria, Rui Passadouro, disse que o Departamento de Saúde Pública, que faz a vigilância da qualidade das águas do rio Lis há mais de duas décadas, “tem constatado uma carga microbiológica muito elevada em vários locais ao longo do curso”.
“Constatou-se que apenas a ETAR do Coimbrão tem tratamento terciário (desinfeção) e, por isso, a carga microbiológica a jusante é mais reduzida”, esclareceu Rui Passadouro, sustentando que a solução apontada “passa pela dotação de um sistema de desinfeção nesta ETAR [da Vieira] e nas outras que o não têm, de forma a reduzir o problema”.
O presidente da Câmara da Marinha Grande, Aurélio Ferreira, tem exigido a necessidade de despoluição do rio Lis, que nasce na localidade de Fontes, nas Cortes, concelho de Leiria, e desagua na Praia da Vieira, alertando para o impacto deste problema na população e nas atividades económicas locais, nomeadamente no turismo.