Opinião: Num mundo nada perfeito…

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Gil Patrão

Num mundo nada perfeito, o medo coletivo tem vindo a crescer, mas sem se sobrepor ao engrandecimento do amor. O amor leva as pessoas a viver em conjunto, decorrendo o temor que alastra nas sociedades, qualquer que seja o seu nível de desenvolvimento e bem-estar, dos mais horrorosos atos terroristas que amedrontam multidões, ofuscando estas péssimas notícias as que divulgam profundos momentos de idílio e amor, que vão ocorrendo também por todo o mundo.

O casamento é uma convenção social que quase já nem é notícia, mas continua a ser uma das formas de consolidar o amor, se bem que seja também uma via para obter outra nacionalidade, e até para ascender a níveis de desafogo económico, pela via do “amor”. Mas os pares que vivem sem legalizar as suas uniões são hoje tão frequentes que até parecem ser moda, embora possam ser modos de sobreviver em situações de crescente instabilidade social e económica. Mas o mais importante é haver, casados ou não, pares que se amem, e casais que perpetuem gerações, evitando decréscimos demográficos que levam à decadência dos povos, e ao declínio dos países.

Em tempos de barbárie e terror é fundamental haver amor, para contrariar a crescente descrença da humanidade de que se conseguirá esbater um clima de medo generalizado, agravado pela dúvida na manutenção de um clima de paz mundial, por o frágil equilíbrio que existia entre os blocos do “leste e oeste”, e que mesmo sendo precário, evitou guerras globais, ter entrado em declínio acentuado, numa era em que os poderes tradicionais perdem cada vez mais influência.

Contribui para isto a entrada em cena de países não-alinhados, mas dotados de armas nucleares, como a Coreia do Norte, e de poderes que parecem provir do pó das areias convulsionadas da História, como o Daesh (“Estado” Islâmico), que, sem armamento sofisticado, lançam o terror pelo sacrifício de militantes fanáticos, que se matam assassinando “infiéis” com bombas, facas e carros, abalando a confiança de qualquer um no seu futuro, e instalando o medo por todo o lado.

Estes sucessivos atos de terror minam as bases de confiança numa globalização que, embora traga oportunidades, estabelece ambientes propícios à perda de valores humanos, pelo que, para renovar a esperança de este mundo vir a ser mais colaborativo, e menos capitalista, terá de se repensar a Nova Ordem Económica Mundial. Quem o fará? Quando e como acontecerá? Será tarefa complexa que levará tempo a executar e carecerá de lideranças audaciosas, mas sobretudo mais humanistas, e que saibam promover, ao longo do mundo, contínuos e amplos consensos económicos e sociais, que mobilizem e unam sociedades distintas. Onde estarão tais lideranças?

É que não se vêem ao comando das grandes potências mundiais que, embora num clima de não cooperação, mantiveram décadas de alguma acalmia no globo, nem a dirigir as novas, enormes e emergentes economias que redesenham o mundo. Nem estão ao leme da União Europeia, para esta progredir em direção a uma “união política” poderosa, que possa futuramente atenuar os desvarios dos que, tendo já agora o imenso poder militar de destruir o planeta, não querem, nem sabem como promover uma maior concórdia entre si, que seja capaz de tranquilizar o mundo.

Mas é neste mundo imperfeito que o amor acontece, e que primitivas formas de troca evoluíram para uma economia global que, não sendo perfeita, ajuda ao desenvolvimento ímpar de um mundo sem par. Num mundo nada perfeito, em que as relações humanas evoluem a ritmos loucos, o amor supera barreiras, vencendo medos, tabus e preconceitos, sendo forte esteio de um mundo que, mesmo imperfeito, enfrenta os seus maiores terrores. Esta é a beleza sublime de um mundo em que, superando as agruras próprias da vida, os amantes, uns nos outros confiam!

 

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