Opinião: Haja vergonha!

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Quem viva nesta região e tenha lido o Diário as Beiras de 17 de setembro, poderá ter ficado irritado com a incrível notícia sobre a Infraestruturas de Portugal, em que a IP afirma que a duplicação de vias do IP3 não está garantida, dependendo de “uma prévia avaliação (…) face às dificuldades que a orografia existente pode levantar para o cumprimento desta pretensão”, sendo necessário fazer o “processo de Avaliação de Impacte Ambiental para todo o empreendimento” e o “Projeto de Execução”, acrescentando que estando aprovada a “Fixação dos Traçados”, está a “envidar todos os esforços no sentido de concluir a intervenção em 2024”.
Também há dias, reportagens sobre o Metro Mondego, que de “metro” nada terá, mostraram o ministro das Obras Públicas a dizer que, se o atraso da ligação entre Serpins e Coimbra fosse na região de Lisboa, ou do Porto, não teria levado tanto tempo a resolver-se, e a pedir desculpa pelo que se tem passado com o desmantelado Ramal da Lousã. Acontece que este ministro tutela também a IP, e ele mesmo disse que, quando vai ao IP3 (ver “obras de Santa Engrácia”, digo eu), ouve “buzinadelas”. Sorte dele, a ligação entre Viseu e Coimbra não ser na área metropolitana de Lisboa, ou na do Porto, porque se fosse, a música seria mais metálica.
A propósito, se a A13 não fosse no “centro do Centro”, terminaria esta autoestrada numa rotunda sem sentido às portas de Coimbra, em vez de a contornar, e ser ligada ao antiquado IP3? E se a revisão deste itinerário principal foi há muito tempo anunciado pelo governo com um quase perfil de autoestrada em quase toda a extensão, porque razão, quase no fim do grande atraso na parte que nunca seria autoestrada, diz agora quem manda que a duplicação de vias não está garantida? Ah! Já sei! É que o Centro não faz parte das áreas metropolitanas do país! Porque, se fizesse…
Não espanta a lata com que o Governo goza com os beirões! Mas admira que estes não usem potentes bordões e grandes tambores, ao protestarem contra quem os (des) governa. Não estou a sugerir qualquer tipo de violência, apenas que os beirões rufem tambores com bordões, porque, estando tão longe de Lisboa, há que amplificar os protestos! E por ter quase a certeza de que tais governantes – que nunca são surdos às “queixinhas de alfacinhas e tripeiros” -, quando vêm ao Centro, para além de máscaras, que tão úteis lhes são para tapar desavergonhadas caras, deverão trazer portentosos tampões auriculares que abafem os mais que tímidos protestos de uma das regiões mais pobres de Portugal, e da União Europeia.
Que importa aos beirões que qualquer governante lhes peça desculpa um dia, se logo a seguir, figurões e mandantes do mesmo Governo voltam a faltar ao respeito a quem vive nas Beiras? Haja vergonha! E como dar mais exemplos das muitas e graves desconsiderações sofridas ao longo dos tempos nada adianta, termino com uma questão simples sobre o IP3: Quando se imporão as forças vivas da Região Centro, a mais um desaforo deste Governo?

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