Opinião: A crise!

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Não surpreenderá ninguém a magistral jogada de antecipação de quem tem a capacidade ímpar de escamotear políticas censuráveis. Esta jogada começou com encontros à esquerda, para apoiarem o governo. Passou pela data escolhida para impor ao país o estado de contingência, para preparar o regresso de muitos ao trabalho, e de estudantes, professores e mais funcionários às aulas, após as férias, sendo logo estranhável que o governo não escolhesse uma data anterior, por a maioria de quem goza férias já as ter terminado, e as aulas começarem, nalguns estabelecimentos de ensino superior, antes de meados do mês. E culminou com a entrevista de Costa ao Expresso, em que disse que, sem o apoio expresso das esquerdas, haverá crise política.

Em relação ao futuro estado de contingência, poderá haver outras razões, para além das ditas pela ministra da Presidência. Mas, se fossem cristalinas, o governo, ao anunciar uma medida que deverá ter feito entender, a quem se mostra ultimamente displicente, que o perigo ronda de perto a saúde de todos, decerto as teria explanado. Como não o fez, terá de se aceitar o que aquela jovem ministra referiu, por ser intolerável que o governo repetisse hesitações havidas no início desta pandemia.

Só que, à margem daquela entrevista, Costa disse sobre os médicos o que nunca se esperava ouvir de um primeiro-ministro. Mas o insulto proferido deixou-o incólume, pela complacência com que o povo tolera o que faz, como, por exemplo, do nepotismo à não tomada de idóneas políticas preventivas quanto aos numerosos e terríveis incêndios florestais, agora ditos rurais, talvez para afastar dos inumeráveis citadinos, a ideia de que o risco daqueles incêndios é global.

Quanto à pandemia, oxalá o governo imponha medidas que evitem contágios, sofrimentos, e as mortes que vão acontecendo apesar da coragem dos médicos, que Costa não devia ter apelidado de “uns cobardes”. Embora a cobardia possa existir sempre, mesmo onde nunca a deveria haver.

Relativamente à ameaça de Costa, de provocar uma crise política que tanto lhe convém, o Presidente da República disse não alinhar em aventuras, e que, após 8 de setembro, nem pode dissolver o Parlamento. Como qualquer político o sabe, com o seu ultimato às esquerdas, Costa quis responsabilizar, pelo fim deste governo, quem não o apoiar incondicionalmente. Mas como cheques em branco seriam o fim de bloquistas e comunistas, a demissão do governo é plausível.

Como uma crise cirurgicamente preparada poderá levar o PS à maioria absoluta, bem pode a extrema-esquerda estrebuchar e o centro agitar-se. É que depois de Costa ter ido tão longe, poderá demitir-se, se assim o entender. Mas, com a pobreza a crescer, o desemprego a aumentar, e a economia a tremer, não acha que quem criar uma crise política, provará que pouco lhe importa este país? Talvez tenha sido por isto que se ouviu, e pela primeira vez, o Presidente Marcelo dizer ao povo o que deve fazer, quando for votar nas próximas eleições legislativas…

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