Opinião: Intranquilidade

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Aires Antunes Diniz

Vive o mundo um momento de transição nas relações entre os povos, dando origem a populismos considerados maus tanto pela direita como pela esquerda, sendo esta a força que as grandes multinacionais tenta(ra)m anular como expressão democrática da vontade dos povos. Agora com Donald Trump acontecem casos como os de um casal de sírios, descrito há dias no JN, que estuda nos Estados Unidos e se vê na iminência de ficar separado durante algum tempo ou de parar os seus estudos.
Trata-se de um problema que já esquecemos pois há muito em 1820: “Considerando quanto importa ao estudo regular e proveitoso das Ciências a tranquilidade, que atualmente é incompatível com o estado de perturbação, em que se acha este, é Servido, que a abertura das Aulas dos Estudos da Universidade de Coimbra, que devia ter lugar no ano letivo, que deveria começar no princípio de Outubro, do presente ano, fique suspensa até nova Ordem, enquanto não for reestabelecida a tranquilidade e a concórdia, que é de esperar seja brevemente o resultado das providências, que se tem adotado.” .
Agora o populismo de direita, condenado por todas as forças democráticas, entrou numa clara deriva misantrópica, agitando como solução milagrosa a construção pela Administração Trump de um muro entre os Estados Unidos da América e os Estados Unidos do México, esquecendo como antes lutou contra o muro de Berlim. Vejo-me por isso um dia destes a ir até lá fotografar o muro e antevejo os meus netos a comprar um tijolo ou bloco deste muro como recordação.
Entretanto, com o Brexit, vemos também o retorno do isolamento social e económico ao Reino Unido, que pode até cindir-se se a Escócia votar o seu Scotexit. Sublinhemos agora que muitos portugueses escolheram a Grã-Bretanha como local de vida e emprego e só por este lhes ser negado por alguns luso-governantes entontecidos pela crise da má e fraudulenta gestão bancária. E assim se vai erodindo o efeito positivo de programas comunitários como o Erasmo, tão do agrado dos jovens que assim melhoravam as suas qualidades profissionais.
De facto, se analisarmos como isto nos está a acontecer, encontramos na sua origem a corrupta e obcecadamente má regulação do sector financeiro, permitindo-lhe a paranoica proliferação de offshores, com que fizeram continuadamente desaparecer os nossos recursos financeiros. Tanto fizeram que a Europa está em risco de se desintegrar, estando já na órbitra de movimentos de direita, que podem a prazo acabar com o funcionamento democrático das Instituições Europeias. E a salvação destas, não o esqueçamos, só se pode conseguir com a sua libertação das garras da Finança Global.

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