Gil Patrão

Qualquer Câmara Municipal deve ter como preocupação principal dotar o território que gere de instrumentos mobilizadores das vontades empresariais, para atrair e fixar atividades produtivas que originem muitos postos de trabalho. Dentre estas, a indústria ocupa um lugar cimeiro, pela capacidade que tem de estimular rapidamente o crescimento económico duma região, e de gerar empregos locais para os mais diversos níveis de escolarização e de capacitação profissional. Daí que a maioria das autarquias promovam e dotem os seus parques industriais com infraestruturas básicas para o exercício de atividades que têm necessidades específicas, para que as empresas se possam instalar e articular devidamente com o meio urbano, em pleno respeito pelo ambiente.
É por isso que, por exemplo no Centro do país, da Marinha Grande e Leiria a Castelo Branco, de Cantanhede e Aveiro a Viseu e à Guarda, de Pombal a Águeda e Albergaria-a-Velha, são muitas as autarquias que investem de forma assertiva, e de modo continuado, em parques industriais, para oferecerem condições básicas a quem aí quiser produzir bens e serviços. Mas, no meio de tanta dinâmica municipal, há uma clamorosa exceção, que se mantem há tempo demais…
As empresas carecem, para além de locais adequados para exercer a sua atividade produtiva, de mão-de-obra qualificada, pelo que a existência de Escolas Secundarias e Profissionais, e de Institutos Politécnicos e Universidades, são fatores relevantes para a atração empresarial. Nem todos os municípios podem ter todas estas valências, mas há um, nesta vasta região, que tem tudo o que se pode ter no domínio educativo, mas nem mesmo assim a indústria abunda por ali.
A capacidade dos autarcas serem céleres e coerentes nas tomadas de decisões, transparentes nos métodos de atuação, inteligentes na adoção de práticas administrativas desburocratizadas, pró-ativos na procura de soluções legais que minimizem custos de instalação e minorem custos de contexto a quem arriscará tempo e dinheiro para instalar unidades produtivas nos territórios, são condições cruciais para qualquer autarquia poder encantar e fixar empresários. Há autarquias exemplares na procura dinâmica de apoios e auxílios que motivem os empreendedores que lá pretendam operar, mas há uma que se destaca…, por não saber cativar quem lá quiser investir!
Fica bem no Centro do país, possui vias de comunicação rodo e ferroviárias para todo o lado, tem universidades, politécnicos, escolas de gestão, turismo e profissionais como é raro encontrar numa só cidade, mas não consegue seduzir os empreendedores que a procuram! Tem população ativa de dimensão significativa, hospitais de referência, diversos tribunais e comandos regionais como não há muito por aí, possui cultura e história, tem praias perto, dista uma hora do aeroporto do Porto, tem hotéis e hosteis, centro de congressos e muito mais, algumas empresas reconhecidas, alguns empresários de sucesso, uma incubadora de eleição, ambiente propício à inovação, loteamentos com fartura e um parque tecnológico quase deserto, mas não fervilha de indústrias! O que tem faltado a tão bela urbe, para atrair e fixar muito mais e maiores riquezas?
Coimbra tem quase tudo, mas tem falta de vontade de traçar novos rumos e de abolir fronteiras. Há culturas públicas bafientas no Largo de Sansão, onde burocracias e inércias imperam, que tiram forças à cidade, e têm afastado quem aqui quer investir. Há que desburocratizar, para captar mais investimento e seduzir empresários nacionais e estrangeiros! Coimbra não pode perder mais tempo! Coimbra merece ter Câmara e Juntas eficientes, competentes e bem geridas. Coimbra precisa de líderes com ânimo, que procurem e lutem por oportunidades que sirvam à cidade, para que, por força da nossa vontade coletiva, Coimbra acelere mais, rumo ao progresso!