Opinião: Repórter à solta

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João Vaz

João Vaz

Custa sair de casa. O apelo do sofá, após um dia de trabalho, é forte. Mas vale a pena ouvir escritores, que habitualmente só vemos na TV, na Biblioteca Municipal, nas 5ªs de Leitura.

Há ainda o prazer de folhear livros novos, beber um chá de limonete e estar com outras pessoas. Aconselha-se a cultura enquanto antídoto para as más notícias televisivas que nos precipitam para o “fim do mundo”.

O convidado é o escritor e jornalista Paulo Moura (n.1959 ), que se descreve como alguém que “agora que a escrita está pela hora da morte, sou repórter de imprensa. Gosto de viajar, mas escolhi mal a agência: marquei voo para Cancun, fui parar a Cartum, desejei conhecer Istambul, desembarquei em Cabul. Caminhos difíceis, lugares pouco recomendáveis e más companhias, graças aos quais mantenho a forma e a saúde”.

Acima de tudo, é um jornalista equilibrado que não toma partido mas consegue estabelecer uma enorme empatia com as pessoas, mostrando-nos um lado humano dos dramas por onde passa sem cair no sensacionalismo nem na compaixão. Nunca lhe li um texto panfletário, uma raríssima virtude.

Deliciei-me com a biografia escrita por Paulo Moura sobre o controverso e enigmático Otelo Saraiva de Carvalho. O prazer da leitura associado ao humor e à descrição da íntima humanidade de uma figura singular do século XX português. É gratificante regressar a casa após uma sessão de “leituras”.

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