Vivo junto a um bairro de habitação social gerido pela Figueira Domus. Desde 2005 que observo à distância o comportamento destes vizinhos. Há pessoas carenciadas, não só materialmente, mas também do ponto de vista da sua débil saúde física e mental. Estas merecem o nosso apoio. Outras pessoas, e famílias, são apoiadas por razões menos óbvias. Aparentemente têm rendimentos medianos e exibem posses que permitiriam pagar uma renda a preço de mercado. Estes são por vezes os vizinhos mais exuberantes e que menos cooperam na manutenção da salubridade do espaço público.
O desafio é complexo: como distinguir o trigo do joio quem pode e não pode pagar a renda da habitação social? Provavelmente, há que cruzar dados: como pode um arrendatário ter dinheiro para televisão por cabo e não pagar a renda da casa (15 euros)?
Esta desigual realidade gera um certo mal-estar entre aqueles que honradamente pagam os seus compromissos com a Figueira Domus e os outros que fogem ao pagamento sem consequências aparentes. Seja dado mérito ao presente executivo camarário, que luta contra o laxismo e pugna pelo pagamento das rendas nos bairros sociais.
Uma nota final para uma situação absurda que se vive na Figueira: há dezenas de famílias à espera de habitação social e o Estado (o Exército) tem dois prédios de habitação abandonados nas Abadias, a perder valor e “contribuindo para o défice” e “imparidades reais no setor imobiliário estatal”.