Opinião – Pensar nos médicos e naqueles que servimos!

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Cesário Andrade Silva

Cesário Andrade Silva

São exactamente, 11h25 e após toda a enxurrada de notícias sobre os atentados que uma vez mais vitimaram europeus, dei por mim a interrogar-me porque se zangam as famílias, os irmãos e se discute sobre assuntos fora de casa que deveriam ser tratados à mesa, num qualquer almoço ou jantar, sempre regados com bom vinho de preferência, castas portuguesas.

Que o diga o Aires de Penacova que numa semana oferecida por Ele tem uma “pomada” de “beber e chorar por mais”, mas como ele diz, é só para quem sabe, os outros, bebem morangueiro. E apareçam por lá que não se arrependerão de o visitar a ele e à família que, mesmo no dia 1 de Janeiro, sabem que há quem precise de comer e logo, trabalham, quando tudo está fechado. Verdadeiros portugas.

Tristes são as notícias que continuama jorrar desse Ministério da Saúde de quem se teve grandes expectativas mas que através do secretário de Estado, de seu nome Fernando, meu colega, veio dizer que os utentes do SNS, precisam de um gestor de doença crónica…a sério, e então o que é o Médico de Família (MF), um servidor desse gestor? Vai-lhe correr mal, ele que como presidente da ARS Norte, fez um trabalho que agradou a quase toda a gente. Sugestão: pague melhor ao MF, diminua-lhe a carga gigantesca de utentes ( 1900 pessoas para um médico(a)) e verá quem é o melhor gestor de doença crónica, barato e claro sem cunhas, pois temos uma carreira estruturada e com pirâmide de comando bem definida e ainda, não privatizada. E cheira-me que estes gestores são “BOYS”.

E como dizia o Dr. António Guterres, antes de se ir embora por causa do “Pântano”, e cito do que me lembro de ouvir “apesar de não gostar de Boys, eles têm de cá estar”, claro, isso eu percebo Fernando, mas os teus colegas médicos de família, não. E na mesma notícia, acrescenta-se, pelo mesmo governante, precisamos de mais enfermeiros de família, a sério, para fazer o quê, ir a casa das pessoas arrumar-lhes o quarto, ensinar-lhes a dar banho às criancinhas recém-nascidas sob o olhar de espanto e furioso(a) das avós materna e paterna que criaram os pais e vêem duas lindas enfermeiras que ainda não foram mães a querer ensinar à filha a dar banho ao neto, como se amamenta os bébés.

E senhor secretário, veja lá se o PAN se lembra que os cães, gatos, pintainhos, etc, também precisam de um SNS para animais, poderemos talvez, digo eu, aproveitar as mesmas enfermeiras e com formação numa Faculdade de Veterinária ou numa qualquer Escola Superior para Enfermeiras/Veterinárias ensinar-lhes a cuidar de animais recém nascidos?!. Agora se está a pensar nas enfermeiras que dão apoio aos médicos de Famíla, estão a mais, uma para cada três médicos, chega e sobra, e já agora pague melhor aos médicos, exija que façam o seu trabalho de ver os utentes, os doentes, as crianças, as grávidas, as mulheres não grávidas, cumpram os planos de vigilância, vejam de modo regular hipertensos / diabéticos / artrósicos / hipocoagulados / obesos / acamados com úlceras ou sem úlceras de pele (já agora informe a população toda que a hipertensão, a diabetes e as artroses, é para serem vistos de 6 em 6 meses como mandam as suas normas de orientação clínica, que não todos os dias como eles querem e exigem diariamente aos seus colegas médicos de Família. Reduza o nº de enfermeiros por MF, pegue nesse dinheiro, calculemos 4500€/mês, dê mais 2500 ao MF, aumente o salário da assistente operacional para 1000€ e ainda lhe sobra uns trocos para convencer a Bastonária dos Enfermeiros que poupa dinheiro, melhorou a eficiência e o contentamento dos utentes do SNS e ainda dá ao seu 1º Ministro, “uns dinheiros” para a Segurança que é neste momento, o que verdadeiramente preocupa os portugueses, e mais os portugueses que têm família.

Melhores notícias, são o facto de que o cansaço e a penosidade do exercício da Medicina vai ser avaliado numa parceria entre a OM e uma Universidade de Lisboa, que reforçará decerto a necessidade e a imperiosidade dos médicos descansarem após trabalharem demasiado tempo seguido, por vezes 32 horas sem descanso. Com o prejuízo para os utentes que podem e estão sujeitos a um erro médico, mais evitável não fosse o estigma e a teimosia de certos sectores da sociedade que podem comprar actos médicos no privado e por isso nem querem saber se o médico após 32 hs de trabalho ininterrupto está apto a trabalhar. Até porque, em Roma, não se deve ser Romano. Senão, acabamos nas escadas a olhar para trás e a dizer, “também tu, Brutus”. Por isso, sejam felizes e aproveitem que a tua/nossa família, merecem-no.

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