Opinião – E agora?

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Francisco Queirós

Francisco Queirós

E agora? O país está na miséria. A taxa de pobreza em Portugal é escandalosa. Segundo o INE, agravou-se 45% entre 2009 e 2013 com mais 800 mil portugueses a serem empurrados para a pobreza.

Hoje, em Portugal, é muito fácil ser pobre. Desemprego, doença e divórcio são tradicionalmente passaportes para a pobreza. Mas hoje, em Portugal, é-se pobre a trabalhar. O número crescente de trabalhadores no activo e desempregados que caem na pobreza e o crescimento acentuado das desigualdades entre ricos e pobres testemunham a política de exploração e o agravamento das injustiças.

Avolumam-se as desigualdades sociais, as capacidades produtivas do país definham, agravam-se as assimetrias regionais, alienaram-se posições e recursos estratégicos, hipotecou-se a soberania nacional.

O Estado é restringido ao mínimo, enquanto se procura privatizar parte das suas funções. A municipalização de importantes áreas sociais, como a educação, a saúde, a segurança social e a cultura, é um passo que se insere nesse objectivo.
A Banca surge aos olhos do povo como uma associação de malfeitores.

Os trabalhos da Comissão de Inquérito ao caso BES/GES, proposta pelo PCP, começam a revelar a teia tentacular e obscura que tem sido prática do sistema financeiro e dos grupos monopolistas, à margem ou em violação da legalidade e à revelia de qualquer controlo do poder político.

Após as eleições na Grécia, desenvolve-se um inadmissível processo de ingerência, chantagem e pressões da União Europeia, a propósito, designadamente, das dívidas soberanas. Olhamos todos para a Grécia com enorme expectativa. Por cá, o PCP desde Abril de 2011 tem insistentemente defendido que o desenvolvimento soberano do País reclama a renegociação da dívida nos seus montantes, prazos e juros.

Só assim se poderá garantir um serviço da dívida compatível com o crescimento económico, a criação de emprego e com as necessidades de investimento público e de dinamização do mercado interno. Tal proposta parece cada vez mais ser a única solução possível e ganha mais e mais defensores.

Aliás, a solução dos enormes problemas económicos e sociais do país, a melhoria das condições de vida dos portugueses e a recuperação da nossa soberania só existirá com a ruptura com as políticas, normas e orientações que têm pautado o processo de integração capitalista europeu – a União Económica e Monetária, o Tratado Orçamental, a governação económica e a União Bancária que agora entrou em vigor. No horizonte, coloca-se a permanência do euro.

E agora? A dimensão dos problemas actuais exige a concretização de uma alternativa política, patriótica e de esquerda, vinculada aos valores de Abril. Uma política que rompa com os eixos e opções da política de direita, que abandone uma orientação determinada pelo objectivo da acumulação capitalista e da intensificação da exploração do trabalho, que enfrente e confronte os constrangimentos e condicionamentos da União Europeia, os seus instrumentos e objectivos de usurpação da soberania.

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