O dia a dia de uma nova era em Condeixa

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Foto Luís Carregã

Foto Luís Carregã

Nuno Moita é presidente há pouco mais de um mês. A novidade de ter um novo rosto à frente da Câmara de Condeixa-a-Nova associada à intensidade da campanha eleitoral parece terem criado um invulgar efeito propagador da imagem do novo autarca.A  prova está nos três jovens que já se cruzaram com Nuno Moita e fizeram questão de lhe pedir um autógrafo… “Disse-lhes, claro, que autógrafos é com o Cristiano Ronaldo, mas não deixa de ser uma curiosa expressão daquilo que é, cada vez mais, a força da imagem”, conta o economista

 

Há mudanças em Condeixa. Mudanças na presidência e no elenco de vereadores. O que não muda, mesmo, é o ritmo de agenda cheia. Ainda assim, a primeira reunião da manhã desta quarta-feira é atrasada por um imprevisto que retém Nuno Moita, confirmando, de resto, um hábito que já se nota: o dia reservado ao atendimento de munícipes é a terça-feira mas as solicitações são muitas.

É então já bem depois das dez e meia que os vereadores executivos – todos eleitos pelo PS – se sentam em torno da mesa redonda que ocupa um dos cantos do enorme gabinete da presidência. Antes, porém, há tempo para que a secretária, Rosa Maria Borges, traga uma pequena resma de papéis para serem assinados – é o despacho da manhã, referente a processos que já foram tratados e têm de ser resolvidos.

Na mesa, à direita de Nuno Moita, senta-se Liliana Pimentel, agora vice-presidente da câmara. Para o novo mandato, a economista e doutoranda na Universidade de Coimbra, para além da Gestão Financeira e Orçamento vai tutelar as pastas da Educação, da Ação Social e das Geminações.

Os novos são Carlos Canais, que tratará das questões do Desporto, da Juventude, do Associativismo e da Saúde, e António Ferreira, responsável pelas áreas da Proteção Civil, do Comércio e Mercados e do Trânsito.

A reunião centra-se nas questões mais prementes. O orçamento para 2014 é, obviamente, prioritário mas há dossiês que têm de ter andamento. É o caso da Semana Sénior, que vai levar Condeixa à FIL, em Lisboa, já entre 4 e 8 de dezembro, e que animará a vila, de 10 a 17, com inúmeras atividades para os mais velhos. É também o processo, em curso, de contratação de estagiários, que Liliana Pimentel explica.

Ao longo da reunião, o presidente não se cansa de perguntar, advertir, propor. No final, Nuno Moita assiste ao arrumar de papéis de cada vereador e aproveita para lembrar que é preciso pôr em prática o sistema de gestão documental, na câmara.

 

Natal sobre gelo na praça

Está um dia luminoso de final de novembro. À saída da câmara, no largo frente ao turismo, está em montagem o que vai ser o presépio gigante. Ali perto, na Praça da República, a quadra natalícia há de ser animada com uma atração inédita: uma pista de gelo para 60 patinadores que começará a funcionar a 6 de dezembro.

“A ideia é apoiar o comércio desta zona central, a quem vamos disponibilizar bilhetes para oferecerem aos seus clientes”, conta Nuno Moita. Vai também ser criado um período de utilização da pista reservado às escolas. Para o público, em geral, a cobrança de entradas, ainda que a valor reduzido (dois euros), ajudará a minimizar as despesas da câmara.

A manhã foge a galope e a agenda aperta. A próxima paragem é nos Serviços Municipais, na rua Lopo Vaz, mas o caminho, a pé, sugere cumprimentos a eito. Um dos “apeadeiros” é a Barbearia Alexandre, onde Nuno Moita faz questão de entrar.

É, então, já em cima do meio-dia que começa um importante momento do dia: a avaliação do andamento das obras de recuperação do paço da antiga Quinta de São Tomé, onde vai ser instalado o futuro Museu PO.RO.S. – Portugal.Romano.Sicó.

Sobre a mesa estão, já uma planta em tamanho XL e um mapa explicativo do projeto museológico e de intervenção de grande ambição. O objetivo é aproveitar a ligação, próxima, à estação arqueológica mais importante e mais visitada do país – as Ruínas de Conímbriga – e criar um circuito cultural e turístico de referência para o concelho, para a região e para o país.

 

Condeixa vila romana

Quem explica é a arquiteta Patrícia Ribeiro e a engenheira civil Ana Bela Malo. Em poucas palavras, fica-se a saber que a primeira fase da obra constou da recuperação do solar e está praticamente concluída. A segunda fase está em curso e implica a intervenção nos anexos agrícolas da quinta, que vão ser transformados num auditório e permitir, ainda, a construção de uma cafetaria e sanitários públicos que, depois, darão apoio ao parque verde da vila.

Esta é, claro está, uma obra de vulto. Ao todo, as três fases vão importar em 3.265.000 euros. Desta verba, 2,5 milhões de euros foram considerados elegíveis, pelo programa operacional regional Mais Centro, e vão ter uma comparticipação de 85%.

O museu, propriamente dito, constitui a terceira fase. E quem ouve as técnicas e os políticos depressa percebe a ambição de fazer do PO.RO.S. um espaço de aprendizagens e de emoções. Na base está o recurso a materiais da museologia tradicional (sobretudo peças, a maioria oriundas de Conímbriga) e às novas tecnologias da multimédia – com a recriação, em 3D, das ambiências de época e a disponibilização, para os mais novos, de jogos interativos e sensoriais. A título de exemplo, Nuno Moita antecipa a possibilidade de “entrar” dentro da “tartaruga” de armaduras e escudos, que é a mais célebre componente da tática das legiões romanas, tão divulgadas nos livros de Astérix.

Depois dos mapas e das explicações é tempo de ver as obras, in loco. Há quem sugira mandar vir uma viatura mas a opção é por percorrer o trajeto a pé. A recuperação da casa senhorial é digna de ser apreciada. No exterior, a alvura da tinta realça as notáveis cantarias em pedra de Ançã e a elegância dos alçados. Lá dentro, a manutenção da capela e a integração de estruturas em ferro negro nos dois amplos pisos, desnudados, fazem antever um espaço de acolhimento para o museu de grande qualidade.

 

Empreendedorismo

A esta hora já o assessor de imprensa Nuno Matos olha repetidamente o relógio. Há compromissos com horas marcadas e o programa está já atrasado. No entanto, é possível entrar no estaleiro da restante obra em curso, mesmo ali ao lado, antes do regresso à câmara, ainda e sempre a pé.

Pelo caminho, a comitiva “tropeça” numa frutaria de esquina, ali defronte do quartel dos bombeiros. É a loja “Jardim dos Sabores”, do casal Andreia e João Dinis, que abriu há coisa de duas semanas e que resulta do primeiro projeto apoiado pelo Gabinete de Apoio ao Empreendedor da autarquia. Neste caso, o trabalho do gabinete, coordenado pela arquiteta Ana Moreira, passou pelo estudo de viabilidade económica e pelo apoio ao licenciamento do espaço e, naturalmente, à candidatura de financiamento ao programa Invest+, que o IEFP disponibiliza a projetos empreendedores que permitam a criação do próprio emprego.

Com atraso, está bom de ver, chega-se enfim ao Repasto do Evaristo, em Casal da Estrada. O restaurante dispensa apresentações. O almoço, no entanto, vai para além do prazer refeiçoeiro, já que Nuno Moita aproveitou para convidar os autores das propostas vencedoras do concurso de ideias do Orçamento Participativo.

A verba, em 2013, para esta ideia inovadora, foi de 250 mil euros. Os vencedores, no concurso para jovens, são João Carvalho – com a proposta de instalar uma incubadora de empresas start-up, numa escola primária desativada – e Flávio Cordeiro – que propôs atribuir 50 bolsas estudo, de mil euros cada, a estudantes do ensino superior de famílias carenciadas. Os dois outros vencedores são Helena Diogo, com a recuperação da igreja do Sebal, e Raul Pratas, com um projeto de sinalização e segurança rodoviária.

O tempo voa. A seguir ao almoço, Nuno Moita recebe as chaves do novo autocarro da câmara (ver edição de ontem) e tem ainda que “encaixar” na apertada agenda um momento de recolhimento, para expressar pêsames à família de Joaquim Cardozo Duarte, padre e teólogo condeixense. Depois, até final do dia, há ainda duas reuniões importantes: uma com os serviços, sobre o orçamento, e outra com eleitos do PS, para preparar a próxima assembleia municipal.

 

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