Auroras no Lima

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Aires Diniz – Há pessoas triste e indesculpavelmente esquecidas como o médico e professor de Medicina Abel Salazar, de quem só alguns sabem da sua pretérita existência, esquecendo que este e outros portugueses só não realizaram tudo o que tinham em potência por algum ditador os ter impedido de se afirmarem no mundo global.

De facto, recorrentemente os melhores dos portugueses sofrem os obstáculos que os micros, pequenos, médios e grandes ditadores lhes colocam ao seu desenvolvimento como pessoas e profissionais. Precisamos por isso de partir dos lugares habituais para percebermos não só o mundo quotidiano, mas também um passado onde a solidão dos que sonharam o progresso nos traz mais motivos de tristeza. Muitos acrescentam que cada português com valor tem que partir, ficando só os medíocres neste jardim à beira mar plantado assim permanentemente agredido.

De facto, na minha recente viagem a Viana do Castelo, li: “ E lá longe, no convento de Friestas, restaurado mas deserto, por detrás de um bosque, como o viu o Professor Abel Salazar em «Digressões por Portugal», saudoso dos frades que o habitaram e da Velha Universidade de Coimbra, Sua Donatária, fronteiro à Galiza, «uma grande tristeza cai sobre tudo, no silêncio frio da solidão».

Era assim o Portugal do outro Salazar. É assim o Portugal das Troikas, que aterroriza o nosso quotidiano, prosseguindo o passado próximo que o actual estudante de Filosofia em Paris, que antes o corajoso Sócrates luso estruturou como tempo triste e solitário, onde não havia frestas de esperança e que continuam a não haver.

Só há luta que engrossa e enche as ruas, mas, quem não participa nela vai vivendo um tempo aterrorizado e frustrante porque sem esperança.

Entretanto, agora que Sócrates partiu, ao percorrermos o país, vamos anotando a destruição provocada pelo seu governo no património escolar em todos os locais. Aconteceu onde a Parque-Escolar interveio em nome da requalificação do espaço escolar, atuando como se fosse um elefante numa loja de porcelanas. Fê-lo porque estava dotada de péssimos arquitectos e engenheiros e, pior ainda, de uma gestão desleixada dos equipamentos educativos que encontrou e fez desaparecer, e que era muitas vezes património secular custosamente acumulado.

Por isso, agora é preciso avaliá-los e sancioná-los. De facto, em 2005, quando Maria de Lurdes Rodrigues começou a desgovernar a Educação logo um grupo de “professores e mestres de pedagogia” a apoiaram. Foi assim que a degradação física e pedagógica da Instituição Escolar se acelerou. Preparava-se paradoxalmente o ataque do atual ministro que era então o “crítico” Nuno Crato.

Felizmente, a aurora acontece todos os dias, mas só se transforma em esperança se combatermos os ditadores e os seus acéfalos serventuários.

Defendamos por isso o passado glorioso das Escolas para construir um futuro melhor.

1 António Luiz Gomes – Terras do Alto Minho: Deslumbramentos – Realidades, Edição da Câmara Municipal de Viana do Castelo, 1955, pp. 33-34.

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