Opinião: 2048

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Após dezenas de anos de molhes, quebra mares e obras de engenharia pesada, as praias de areia desapareceram entre a Figueira e o Osso da Baleia.

Contra todos os pareceres técnicos, os políticos aprovaram intervenções desastrosas na costa. Desde o enroncamento do 5º molhe, decidido em 2018, foram construídos mais dez paredões e molhes, sempre mais a sul, contrariando o que diz a técnica e a observação do mar.

Aproveitando a construção de mais enroncamentos, decidiu-se continuar a estrada, logo atrás da duna, entre a Cova e a Leirosa. Surgiram então mais casas e infraestruturas, impedindo que a duna se movimentasse. Claro que a estrada com a subida do nível médio do mar, e com ondas mais energéticas, sucumbiu. Desapareceu.

Então foi necessário construir uma muralha de betão com quatro metros de altura para proteger as casas. Este muro estendeu-se progressivamente, desde a frente do hospital até a sul das celuloses. A “nova muralha de defesa do Atlântico”, uma edificação colossal.

Apesar da “morte da paisagem”, a população apoiou o muro, pensando que este as protegia da força do mar. Inclusivamente discutiu-se se o muro seria dedicado a José Elísio ou a um dos outros políticos que lhe sucedeu.

Nos anos 90 do seculo XX vários técnicos previram o descalabro causado pelas obras de engenharia pesada e alertaram para o “fim da costa e das praias” nesta zona do país. Ninguém lhes deu ouvidos. Os políticos desde então insistiram em perpetuar o erro, colocando cada vez mais “betão e pedras ao longo da costa”.

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