Opinião – Quelimane

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João Vaz

 

O taxista é um ciclista. Pergunto se não vou pagar mais. Sou mais pesado que a média dos zambezianos logo seria legítimo a tarifa aumentar. O rapaz da bicicleta sorri, e começa a pedalar. Está muito calor, 41 graus e o ar húmido. São 20 meticais (0,3 Euros) para uma “corrida” dentro da cidade. Observo a arquitetura colonial, os vendedores de rua, os outros ciclistas,…percorrendo a cidade na parte de trás de um bicicleta “made in Índia”.
As bicicletas marcam a maior cidade da Zambézia. É o transporte mais utilizado. Uma tradição que vem desde o tempo colonial. O relevo da cidade ajuda, completamente plana. Sinto paz e harmonia quando vejo as bicicletas a passar, carregando pessoas e materiais. A imaginação dos moçambicanos é ilimitada quando toca a transportes. As galinhas seguem penduradas de cabeça para baixo. Os cabritos vão mais confortáveis com o corpo assente numa tábua com palha, bem amarrados. E transporta-se literalmente quase tudo, desde cana-de-açúcar a garrafões de água.
Os automobilistas queixam-se injustamente que as bicicletas são “o problema” de Quelimane. Quando ultrapassam os ciclistas não respeitam distâncias (1,5m) nem mostram qualquer bonomia. Dizem com arrogância que as bicicletas não deveriam andar na estrada.
A autoridade municipal mostra pouco interesse pela segurança dos ciclistas. Ausência total de sinalização, faixas próprias ou qualquer apoio ao ciclista. Não há qualquer infraestrutura dedicada às bicicletas. Isto apesar do presidente do Conselho Municipal ser um homem viajado e conhecido por ter residido na Europa.

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