Opinião – “Betão em força”

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João Vaz

O arquiteto telefona-me em jeito de desabafo, “Tu já viste o que fizeram ali na marginal de Buarcos em frente à Muralha? Mais um muro de betão que nos corta a vista e não serve para nada?”. Tem razão. A Agência Portuguesa do Ambiente e a Câmara Municipal da Figueira da Foz decidiram que precisamos de reforçar a “muralha de pedra e betão dos anos 80” para proteger a rodovia. Contrariando qualquer Manual de (bom) Urbanismo, mantêm-se as infraestruturas viárias construídas literalmente em cima da praia. Nada se fez para as substituir por usos pedonais ou recreativos.
Resumo, em 2017, o Estado português insiste em gastar dinheiro em obras áridas, repetindo erros do passado e desprezando o património natural e construído. Lamentável ainda a falta de ambição do atual executivo na transformação da cidade.
O peão, a bicicleta, o lazer saudável continuam a ficar com as nesgas e o que sobra do espaço ocupado pelo sacrossanto automóvel. Estacionamento, postes de iluminação e um relvado vazio é tudo que existe em frente à “Muralha de Buarcos”.
O modelo espacial de intervenção na frente de Buarcos continua a subestimar a “Fortaleza de Buarcos” que resiste desde 1751, ano em que terminou a sua construção. Porque não retirar a rodovia e defender a costa com “praia e areia”? Porquê privilegiar a “preguiça automóvel”? A resposta é simples, há ausência de visão e um enorme comodismo, próprio de quem não anda a pé nem vivencia os espaços. A oposição política também não existe nem quer andar a pé.

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