Saída de Encarnação vista por quem está “por dentro” da câmara

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As nossas perguntas

01 Tem Carlos Encarnação legitimidade moral para abdicar?

02 Está João Paulo Barbosa de Melo, o número dois, preparado para assumir as funções de presidente?

03 Considera que o timing escolhido é o mais adequado (véspera de aprovação do orçamento)?

04 Os eleitores podem penalizar os partidos da coligação por este tipo de decisão?

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Manuel de Oliveira – Presidente Concelhia PSD

O momento tem de ser de serenidade

“Como presidente da concelhia do PSD, tenho que entender a posição de Carlos Encarnação, esperando que ele venha muito rapidamente dar as suas razões – as quais serão fundamentalmente pessoais. O momento tem de ser de serenidade, já que estamos a falar de uma autarquia que é gerida há alguns anos pelo PSD. Pretendemos que a mudança seja feita sem grandes sobressaltos”.

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Carlos Cidade – Presidente Concelhia PS

É uma traição de Carlos Encarnação e do PSD ao povo de Coimbra

01 É uma questão de ética política, que configura uma traição, de Carlos Encarnação e do PSD, ao povo de Coimbra, que neles depositou confiança, embora na última eleição já em muito menor grau. Para quem sempre afirmou o seu “amor por Coimbra”, esta é a prova maior de que “palavras leva-as o vento”…

02 A obrigação era a de levar o seu mandato até ao fim. Desta forma, é uma irresponsabilidade total.

03 Sem dúvida que não. Apenas o povo tem poder para conferir e legitimar o mandato de presidente de câmara. Com o vice-presidente, é mais grave, dadas as demonstrações de incapacidade, desconhecimento e inexperiência a que temos assistido.

04 Foram as opções do PSD para Coimbra que levaram a esta decisão. Por isso, o povo de Coimbra saberá, nas próximas autárquicas, escolher a alternativa do PS.

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Francisco Queirós – Comissão Concelhia do PCP

Cá estaremos para ver como é que a maioria vai governar

01 Abdicar de um cargo político cabe sempre ao próprio decidir e da força política que pertence. É da responsabilidade do presidente e da força política, desde que as razões sejam legítimas.

02 Caberá a ele, João Paulo Barbosa de Melo, avaliar dessas condições e da coligação a que pertence. Cá estaremos para ver como é que a maioria vai governar e lá estaremos na oposição construtiva. A nossa posição só pode ser de crítica e oposição, mas estaremos sempre do lado das medidas positivas para a cidade.

03 Não comento. Se o momento escolhido foi o melhor só o atual presidente saberá explicar.

04 Eu tenho sempre muita dificuldade em saber se penaliza. Todos ganhamos com a clareza. Estou preocupado com o trabalho que fazemos, indo mesmo revelá-lo em breve através de uma conferência de imprensa.

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Luís Providência – Presidente Concelhia CDS

O CDS desconhecia por completo esta situação

01 Tem toda a legitimidade, se considerarmos o que deu à cidade em nove anos. E, a serem invocadas razões pessoais, essas não são discutíveis.

02 Acredito que os timings tenham sido muito bem discutidos, entre o dr. Carlos Encarnação e o dr. João Paulo Barbosa de Melo.

03 Com certeza que terá todas as condições, particularmente com o apoio da professora doutora Maria José Azevedo Santos na vice-presidência da câmara.

04 Se o fizerem, deverão fazê-lo exclusivamente ao(s) partido(s) responsáveis por esta situação, que o CDS desconhecia, por completo. Não vejo, por isso, razões para que o CDS possa vir a ser responsabilizado.

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Catarina Martins – Candidata Bloco Esquerda

É muito estranho abdicar do mandato um ano depois da candidatura

01 Só ele conhecerá os motivos, devendo dar o mais rapidamente possível a conhecê-los. É muito estranho abdicar do mandato um ano depois de ter assumido um projeto com que se apresentou aos eleitores.

02 É um desconhecido nestas andanças de gestão autárquica. Teve alguma ligação ao nível de formação, quando dirigiu o CEFA, e tem apenas este ano de experiência. Não me parece que estas sejam credenciais para se ser presidente da câmara.

03 É um timing estranho, ainda mais sendo o orçamento um documento importante na gestão da autarquia.

04 Enquanto cidadã, isso pesaria na minha decisão. É uma questão de ética política e de honestidade que tem de ser garantida. A sua saída soa a algo de falsidade para o eleitorado.

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Pignatelli Queiroz – Distrital do PPM

Isto não se trata do abandono do navio, mas de uma saída com justificação

01 Evidentemente que sim. Considerei sempre o presidente uma pessoa com caráter. Aliás, isto não se trata do abandono do navio, mas de uma saída com motivos justificados.

02 A sua formação intelectual e política permite-lhe ocupar o cargo de presidente.

03 Esse é um problema complexo, pois tem os seus prós e contras. Mas tinha de haver um timing e foi este o escolhido. Isto dará oportunidade ao futuro presidente de apresentar um documento como é o orçamento.

04 Eu acho que não. Não têm motivo para o fazer, a não ser que se tratasse de uma saída sem justificação. Agora, vai tudo depender do nível de atuação do executivo reconstituído e estou convencido que a consideração que o presidente gozava vai continuar a ser merecida pelo seu sucessor e com o apoio de todos os partidos.

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Luís Alcoforado – Turismo de Coimbra

Nada indicia uma alteração substancial à vida do município

“Uma decisão como esta acontece, sempre, em resultado da relação de forças e razões que, neste momento, desconheço. Não posso, em consciência, emitir qualquer juízo de valor sobre o eventual abandono do presidente da Câmara.

Importa, isso sim, realçar que, em resultado do peso político, do prestígio pessoal e do desempenho como presidente, o concelho registou avanços muito significativos nas diversas dimensões que o seu governo implica.

A acontecer uma substituição, ela ocorrerá no quadro da absoluta normalidade democrática, como, aliás, tem acontecido em muitos outros concelhos, com muitas outras forças políticas, sem nada que nos possa indiciar uma alteração substancial à vida do município e à orientação que ele tem vindo a tomar”.

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Norberto Pires – Coimbra i Parque

Considero uma má decisão tendo por base o compromisso eleitoral

01 Carlos Encarnação é um excelente presidente. No entanto, é preciso perceber que a missão a que se comprometeu, em liberdade, ainda por cima com o lema “Amor a Coimbra”, não está concluída e precisa de mais tempo.

02 O Dr. João Paulo é uma pessoa séria, bem formada e competente. A questão não se coloca na sua capacidade, mas no facto de Coimbra ter votado em Carlos Encarnação, e não em Barbosa de Melo. Eu votei Carlos Encarnação.

03 Não sei as razões apresentadas por Carlos Encarnação para sair agora. Considero uma má decisão tendo por base o compromisso eleitoral.

04 Claro que sim e eu não os posso recriminar. Uma eleição é um contrato com os eleitores, com programa e ações. Neste caso não foi definido, a menos de razões de força maior, que ele abdicava ao final de pouco mais de 12 meses.

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Marcelo Nuno – Águas de Coimbra

Acredito que existam razões muito ponderosas para esta decisão

“Não tenho conhecimento do que se está a passar, a não ser o que li nos jornais. Por consequência, não posso pronunciar-me sobre as questões que me colocam, mas acredito que existam razões pessoais muito ponderosas para uma decisão desta importância.

Quanto ao resto, entendo não ser fácil substituir uma personalidade com a dimensão e estatura política do dr. Carlos Encarnação e com a obra que ele deixa no concelho. É também, por isso, um enorme desafio de liderança que quem o substitui tem pela frente.

Na minha condição de presidente da Águas de Coimbra, e mais uma vez sem saber o contexto em que tudo isto está a acontecer, aquilo que tenho de fazer é o que tenho feito sempre até agora: trabalhar com empenho e lealdade para gerir com rigor e eficácia a empresa municipal, contribuindo desta maneira para o sucesso de quem gere os destinos da autarquia”.

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Pedro Vaz Serra – Clube Empresários

João Paulo Barbosa de Melo tem experiência na administração pública

01 Tem a legitimidade que a lei confere. Não se trata de uma questão moral. No máximo, pode haver, ou não, uma questão associada às expetativas dos eleitores que contribuiram para a sua eleição.

02 Também aqui, a lei contempla a solução. Passa a presidente, o número dois da lista eleita. João Paulo Barbosa de Melo tem experiência na administração pública e, acima de tudo, tem equilíbrio e bom-senso.

03 O orçamento é o documento que espelha as decisões operacionais do município, baseadas, nos critérios considerados relevantes. Não acho que o timing fique prejudicado ou beneficiado por este facto.

04 Os eleitores devem avaliar o mandato, os protagonistas, efectuando um balanço e, nas eleições, expressar o voto, perspectivando o futuro. E isto é válido para todos os atos eleitorais.

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