diario as beiras
opiniao

Valência – tragédia a não esquecer

15 de novembro às 13h11
0 comentário(s)

Há imagens que nos entram pelos olhos e são tão viscosas que aí ficam coladas. Assim se colaram aos meus olhos aquelas insólitas imagens de Valência!…
Passados todos estes longos dias, choca-me mais não ”como acontecem” estes fenómenos de emergência climática, mas “o que aconteceu” depois daqueles fenómenos climáticos terem acontecido. Pasme-se!… Em poucas horas, Valência transformou-se em lama, em destruição, em cemitério!… E ninguém se pergunta como foi possível esta tragédia?! E ninguém se apressa a acudir aos danos?! Valência não pertence a Espanha?! Onde estavam e o que fizeram os seus governantes?! Valência fica na Europa e não aí num qualquer Terceiríssimo Mundo!… E a Europa o que fez?! Perderam-se todos a olhar para Trump e as eleições dos Estados Unidos … enquanto os órgãos de comunicação social iam publicando aquelas terríveis e insólitas imagens e informando da confirmação de mais de duzentos mortos e muitos desaparecidos!…
Quem olhou para aquela gente que se transformou em lama e que deixou que a água que serve para limpar passasse a servir para matar pessoas e para destruir bens e paisagens onde nem sequer era possível encontrar os mortos afogados na lama?! Quem pensou nos problemas de saúde pública depois do que aconteceu? Quantos dias foram precisos para que alguém acordasse e acorresse a auxiliar aquela população?!
O Primeiro-Ministro, a quem caberia uma reacção imediata, acordou tarde e mal, pelo que foi recebido como então era natural que acontecesse, insultado, pelo que rapidamente abandonou o local (ou fugiu, não sei bem), refugiando-se na maior cobardia que um Primeiro Ministro pode demonstrar ao seu povo.
Muito melhor andou a Realeza que, na minha opinião, foi capaz de pisar sobre o pecado, conseguiu coragem apesar de que com consciência pesada, visitou os enlameados, deixando-se ser atingida pela lama e pelos insultos… Filipe e Letizia permaneceram sem fugir à fúria (e estavam sem protecção, o que também não deixa de ser estranho), solidarizaram-se (abraçaram e choraram os valencianos)!…
Esta tragédia tem dois “pesos pesados”: o da “emergência climática” e o do “futuro”, entre si com relações inequívocas.
A emergência climática nunca será uma notícia de primeira linha porque não mobiliza audiências! Quando a tragédia chega a um País, o poder político distribui as culpas, quer sejam Governo ou Oposição. As imagens de indignação arrepiante que se geram mostram sempre que o tempo sobra para solenidades e afectos na contemplação dos mortos, mas não há sequer um minuto para pensar no seu salvamento enquanto vivos.
O futuro será pois um segundo “peso pesado” porque o egoísmo do Homem que não sentiu carências, na prosperidade esquece as gerações futuras e, como consequência, assistimos hoje a que os Estados preferem discutir os problemas económico-financeiros, e preocupam-se mais com o investimento externo do que investimento interno.
Talvez Valência possa ser um alerta para se pensarem mais e melhor muitas das tragédias futuras e, aqui, junto também a minha descrença em que a Inteligência Artificial seja a solução que há para o que não existe.

Autoria de:

Maria Helena Teixeira

Deixe o seu Comentário

O seu email não vai ser publicado. Os requisitos obrigatórios estão identificados com (*).


Últimas

opiniao