Presidenciais
A Presidência da República é, mais do que uma função institucional, um ponto de equilíbrio no sistema político português. Cabe-lhe garantir o regular funcionamento das instituições democráticas, representar o país no exterior e agir como árbitro nos momentos de impasse. O Presidente nomeia o Primeiro-Ministro, promulga ou veta leis, pode dissolver o Parlamento e é o Comandante Supremo das Forças Armadas. Não governa, mas influencia: a sua voz pesa nas crises, a sua prudência molda consensos e a sua postura define o tom da vida democrática. É o garante da Constituição e o rosto simbólico da unidade nacional.
A Europa vive tempos de incerteza e redefinição. A guerra na Ucrânia, a instabilidade no Médio Oriente, a pressão migratória e os desafios da transição energética e digital colocam à prova a coesão e a liderança do continente. A União Europeia procura reforçar a sua autonomia estratégica e responder às exigências de segurança, competitividade e sustentabilidade. Portugal enfrenta, dentro deste quadro, problemas internos persistentes: crescimento económico anémico, desigualdades regionais, crise da habitação, falhas no sistema de saúde e um crescente afastamento dos cidadãos em relação à política. O país precisa de estabilidade, ética pública e visão de futuro — três pilares que só uma liderança com verdadeiro sentido de estado pode garantir.
Neste contexto, três perfis emergem no debate presidencial. Luís Marques Mendes encarna a experiência política, o conhecimento institucional e a prudência moderadora — virtudes de quem entende o papel arbitral da função. Gouveia e Melo representa a liderança firme, a disciplina e a capacidade de mobilização em tempos de crise, características que inspiram confiança num país fatigado. António José Seguro surge como o rosto do diálogo e da empatia social, defensor do equilíbrio e da reconstrução da confiança democrática. Entre estes caminhos, o desafio será escolher quem melhor traduza o espírito do tempo: um Presidente que una autoridade com proximidade, firmeza com serenidade, e que saiba representar Portugal com dignidade num mundo cada vez mais exigente. A pergunta é : como é que André Ventura pode (ao que parece) passar a uma segunda volta?
