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Opinião – Uma espécie de desrespeito…

07 de setembro às 15h50
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Cristina Azevedo - Consultora

Não consigo deixar de sentir que não devia ser assim. Mais…sinto-me quase insultada pela forma como, de há meses a esta parte, os partidos políticos nos falam sobre o Orçamento de Estado para 2025.
O Orçamento de um país não é só uma coluna de deve e haver comportando mais ou menos divida implícita.
O Orçamento de um país é a transcrição, em números, de uma série de opções importantes para a vida das comunidades.
É verdade que o nosso orçamento é maioritariamente consumido por salários, prestações sociais e juros. Mas, ainda assim, o pouco que nos sobra, e sobretudo por ser pouco, teria de ser enquadrado de forma séria pelas escolhas mais relevantes para o nosso bem estar coletivo.
Transformar a discussão numa espécie de chantagem interpartidária de todos contra todos deixa seguramente os portugueses perplexos e quase insultados.
O documento lá há-de aparecer aprovado porque não vejo como algum partido poderia ganhar com o ónus da dissolução. Mas que confiança podemos ter num guia que, repito, para a pouca folga que existe depois de salários , prestações sociais e juros, se arrisca a ser constituido por retalhos sem fundamento ou nexo numa lógica despesista ou redistributiva?
Sabemos bem que o executivo não consegue, com os votos exclusivos da sua bancada, fazer aprovar o documento. Mas negociar e gerar consensos há-de ser mais do que ameaças veladas como as do PS, suspense do incumbente ou ideias espatafúrdias como a do referendo sugerido pelo Chega.
Negociar seria tentar recolher as ideias de todos. Mas mesmo de todos e, com tempo, tentar perceber e dar a perceber quais as hipóteses de avocação de algumas por forma a criar as condições para a sua aprovação na generalidade.
Com transparência e sentido de Estado com real contribuição e interesse de todo o arco partidário com assento parlamentar.
Não só não vemos nada parecido como temos a impressão de que se trata de algo verdadeiramente incontrolável. À manta de retalhos de que falava sobrepor-se-á a negociação na especialidade que, como normalmente, contribuirá para alterar significativamente , as linhas gerais (eventualmente) aprovadas.
Se não é (quase) insultuoso, disfarça bem!!

Autoria de:

Cristina Azevedo

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