Opinião: Pela boca morre o peixe!
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É o título de um livro de João Pombeiro publicado em 2007. Compila uma série de frases ditas em momentos vários pelos nossos protagonistas políticos do pós-25 de Abril.
De fácil e hilária leitura. Mas, e é o mais importante, ainda atual e desconcertante quase 20 anos depois.
O que chamariam a Fernando Nogueira quando, inebriado pelo ambiente festivo dos 18 anos do PSD disse: «O bolo era laranja como nós, grande como nós, saboroso como nós, doce como as nossas militantes também são». Era Ministro da Defesa e a frase foi publicada no Público, edição de 11 de Maio de 1992.
Ao contrário, acho que hoje seria difícil, mesmo para o próprio, assumir que: «Hoje, os lugares de governação exigem capacidade de comunicação e características de liderança, predicados que só se adquirem e exercitam na “universidade” dos aparelhos partidários”». O próprio foi Luís Filipe Menezes ao tempo, como agora, Presidente da CM de Gaia (CM, 5 de fev. de 2004).
E muito menos que se repetisse o que em 2005, Nuno da Câmara Pereira, deputado do PPM disse à TV 7 dias: «Ser deputado está a ser bom. Muito trabalho? Quem quiser fá-lo, mas quem não quiser fazer nada também passa despercebido sem problema.»
Talvez para o Partido Comunista seja tão difícil tornar-se mais transparente sobre a sua vida interna quanto Ruben de Carvalho deixou transparecer a propósito das contas da Festa do Avante: «É impossível contabilizar. Repare, se os Camaradas de um determinado Centro de Trabalho do Alentejo comprarem um leitão e o alimentarem durante um ano para a Festa, como é que se calcula o valor desse investimento?» (Notícias Magazine, 29 de Agosto de 2004).
E por falar em contas, Mário Soares é que tinha razão quando disse ao Comércio do Porto a 6 de Abril de 1976: «O povo português de manhã não quer ideologia, nem discute política. Come pão e bebe leite, quando o tem.» Acho que não mudou muito.
Neste caso, acho que não será preciso ir tão longe. Eu que sou uma feroz regionalista! Disse-o Feliciano Barreiras Duarte à Revista FOCUS em 3 de Julho de 2002 : “Como católico que sou, acho que Deus me iluminou para defender esta Região. Para, de sabre na mão, cortar as ervas e as silvas do caminho.»
Quanto a Marcelo Rebelo de Sousa, de quem me parece que vamos ter saudades, é que escusamos de nos preocupar. Afinal, como declarou ao Correio da Manhã a 1 de Setembro de 1989, “ EU NUNCA VOU AO FUNDO!». Sabemos que não. E ainda bem.
