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Opinião: O valor dos dados

03 de fevereiro às 10h37
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No início de janeiro, um ataque aos servidores do grupo Impresa afetou, entre outros, o jornal Expresso, SIC e Blitz e foi classificado como um ataque sem precedentes em Portugal, tendo apagado dados e registos digitais históricos de vários títulos do Grupo que o considerou um “atentado nunca visto à liberdade de imprensa em Portugal na era digital”.

Pelo seu mediatismo, este ataque expôs a fragilidade da segurança dos sistemas e foi inicialmente classificado de ransomware – uma forma de bloquear o acesso à informação através da encriptação dos dados dos computadores e servidores da rede atacada, pedindo os atacantes um resgate, normalmente pago em criptomoedas, para ser mais difícil de rastrear o seu destino.

Mas, de acordo com o revelado, ao contrário de casos clássicos de ransomware, neste caso, dados informáticos e cópias de segurança (backups) foram simplesmente eliminados. E o impacto foi grande, com subscritores a cancelar serviços após receberem mensagens do grupo responsável por este ciberataque.

Em 2021, os ataques informáticos em Portugal cresceram 81% face a 2020 segundo dados mais recentes da Check Point Research. A cada semana de 2021 estima-se que houve quase 900 ataques informáticos a organizações em Portugal. E foi mais uma vez a pandemia que gerou um “contexto de oportunidade” para estes ataques, fruto do aumento do trabalho remoto que se traduziu no alargamento das superfícies possíveis de ataque aos sistemas empresariais, assim como do número crescente de dispositivos ligados às redes das organizações.

Por outro lado, os custos da violação de dados, de acordo com o relatório da IBM de 2021, registaram um aumento de 10% de 2020 para 2021. O roubo de credenciais aos utilizadores apresenta-se como a causa mais frequente de violação de dados e entre os tipos mais comuns de dados expostos destaca-se a informação pessoal de clientes, incluindo passwords e nomes de utilizador.

A situação torna-se mais problemática quando consideramos que vários utilizadores reutilizam palavras-passe em múltiplas contas, o que dá origem a um ciclo vicioso onde os dados violados são utilizados para facilitar ainda mais intrusões e roubo de informação. E o ransomware é outro dos fatores que mais contribui para o aumento dos custos de violação de dados.

O ataque ao Grupo Impresa obrigou a redação do Expresso a recuar tecnologicamente mais de 20 anos para que a primeira edição de 2022 chegasse às bancas: a imagem de um jornalista com uma pen na mão referindo tratar-se da “pen sagrada de todo o conhecimento” por conter os “templates” do jornal, mostra onde pode chegar a nossa dependência de dados e de backups.

E resume a vulnerabilidade de muitos sistemas, mostrando-nos sobretudo que não existe valor para os nossos dados.

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