Opinião: O que diriam hoje, os que já partiram

Confesso que nunca fui pessoa para guardar muitas coisas, tais como jornais ou revistas. Apesar disso, fui escarafunchar numas gavetas próprias para amontoar “coisas”. Encontrei coisa pouca.
Mas curiosamente, por lá descobri um jornal de 1992.
O que é que me terá dado na cabeça para o guardar?
Desfolhando as páginas já amarelecidas encontrei as duas razões para tal.
A primeira, foi uma notícia sobre aquilo que chamei “Jogos de Coimbra” que, a seu tempo foi um tremendo êxito e a segunda, sobre a reivindicação de um aeroporto para a zona da Figueira da Foz, a seu tempo reclamado pelo já falecido e meu particular Amigo, Presidente da Autarquia Aguiar de Carvalho.
Recordo passagens nessa entrevista, na qual salienta:
“ A abertura do aeroporto de Monte Real é pedida pela Figueira da Foz há 29 anos e nove meses…”
“ Foi possível na Figueira da Foz mobilizar os meios necessários à abertura do aeroporto Regional Costa de Prata, de modo a que a região centro disponha desta importante infraestrutura”.
“ A sua abertura não gastava um tostão ao orçamento de Estado pelo que não compreendemos esta indefinição”.
“O que é grave para a Região Centro é que continue embalada por estas permanentes e sucessivas hipóteses de abertura da Base Aérea de Monte Real e daí permanecermos a única região do país sem aeroporto”.
Passados uns anos, a ideia de um aeroporto na região centro tomou forma com uma proposta do actual presidente da Autarquia de Coimbra.
Na verdade, se Aguiar de Carvalho esperava um aeroporto desde 1962, nós, agora em 2021 – 59 anos depois – continuamos pacientemente a olhar para os céus na região. Mas aviões, nem vê-los!
O aeroporto do centro nunca será uma realidade, assim como, eventualmente a regionalização do país.
Uma coisa implicava a outra e, como se iriam sentir a região de Lisboa, poderosa, e a região norte, submissa e boa acolhedora das migalhas que lhe dão?
Ouvimos hoje também, que as regiões de Lisboa e do Porto vão ser contempladas com nova capacidade de transporte por via férrea, além, naturalmente, da facilidade que os cidadãos irão ter no futuro em deslocação nacional.
Continuamos sem conseguir aproximar o litoral do interior. Cada dia que passa – e com as eleições ao virar da esquina – urge que os candidatos nos digam o que pretendem em vários domínios que digam respeito ao futuro da nossa zona geográfica – já nem lhe chamo região-!
Não sei se os cidadãos estarão à espera de algum “golpe de asa”, dado o cinzentismo que tem grassado.
Julho e Agosto nunca foram meses bons conselheiros.
Esperemos então por Setembro!