Opinião- O porto comercial deve ser mudado para a margem sul da Figueira da Foz?

A luta do porto da Figueira contra as forças da natureza tem séculos de existência num permanente exercício de desassoreamento e construção de molhes.
Há 100 anos, Baldaque da Silva desenvolvia um projeto para um porto oceânico de águas profundas a sul do Cabo Mondego, que permitiria uma navegação segura em qualquer circunstância de mar, por oposição à sua então, e ainda atual, localização. Imagine-se como teríamos uma cidade radicalmente diferente.
Não aconteceu e, entretanto, a vontade de transformar a cidade numa praia símbolo de elegância “empurraria” grande parte da indústria para sul, mantendo-se o porto, apesar disso, no estuário do Mondego.
A Figueira nunca quis prescindir da coexistência de duas centralidades que, percebemos hoje, se “atrapalham” reciprocamente no seu desenvolvimento pleno: a cidade-praia, turística, e a cidade-rio, portuária.
Ideal era ter acontecido o tal porto de mar.
Hoje temos um problema estrutural e não sei se há condições para mudar o porto para sul.
Sem deixar a margem norte, haveremos de continuar a moldar esta herança.
As anunciadas obras de aprofundamento do calado e alargamento do canal serão a nova etapa da luta pela melhoria das condições de navegação da nossa barra.
Hoje, faria sentido, sim, e com grande eficácia, dotar a margem sul de um terminal que, a curto prazo, complemente e possa acrescentar dinâmica ao porto na sua globalidade.
O ideal é "não estragar" mais. Deixar a cidade "símbolo" de elegância e mandar o lixo do porto para a zona sul significa apenas estragar uma zona que está em franco desenvolvimento, fruto do turismo ligado à pratica dos desportos de ondas a bem do "longe da vista, longe do coração".