Terminei o último texto com votos de um feliz natal e um desejo “lá vamos nós, depois de pedirmos para não ter neve que nos feche o aeroporto e nos impeça de ir a casa passar o Natal como se deve, com a família.” Foi de mau agouro, pois nem de propósito, não foi a neve mas sim o vento que me anulou o voo para Portugal.
Não sei se é comum a todos os emigrantes, mas vir para Portugal enche-me de stress. Faço várias viagens de trabalho, mas não há voo que mais me enerve do que este – porque quero mesmo ir, porque estão à minha espera, porque já tenho coisas programadas… não sei, mas a carga emocional está mais carregada.
Então estar de malas feitas a chegar ao aeroporto e receber a mensagem de que o voo estava cancelado – acho que foi uma estreia. Seguem-se filas demoradas para encontrar alternativas, enquanto que por telefone se procuram voos possíveis.
À medida que se prolongam os minutos, que se tornaram em horas, vamos perdendo a esperança de voar ainda no mesmo dia – os voos no natal estão sempre cheios e alguns até em overbooking (vendem mais bilhetes que os lugares disponíveis).
Quando finalmente chegamos ao guichet, confirmam a sentença de que o voo se faria apenas no dia seguinte, envolvendo escala, hotel e refeições. O medo de o mesmo impedimento se repetir no dia seguinte impede-nos de aproveitar devidamente o hotel ou as refeições. E se o mini-ciclone voltava amanhã? Na minha cabeça dramática já tinha planos para voltar para casa e pegar no carro, para chegar a tempo da consoada em Portugal.
Felizmente tudo acabou bem, dentro do mal, afinal foram só umas 14 horas de atraso. Já para voltar à Bélgica agora, depois das celebrações de ano novo, nem pinga de nervos tenho. Pelo contrário, ando a ver a previsão meteorológica para ver se não anunciam um tornado ou um nevão – brinco com isto mas não, tudo tem o seu tempo e este foi bom mas acabou. E já tenho saudades do meu cantinho. Vamos ao próximo!