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Opinião: As estrelas não são todas iguais

06 de junho às 11h25
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À medida que o verão se aproxima, torna-se cada vez mais agradável admirar o céu nocturno. A esmagadora maioria dos pontinhos de luz que vemos no céu são estrelas.

Daí falarmos do céu estrelado. Estes astros exibem uma diversidade notável que só começámos a perceber na segunda metade do séc. XIX. Um dos primeiros catálogos resultou do trabalho exaustivo de um grupo de astrónomas da Universidade de Harvard. Estas mulheres, que ficaram conhecidas como Harvard Computers, foram contratadas porque para além de serem extremamente qualificadas permitiam poupar dinheiro. É que naquele tempo a desigualdade de ordenados entre homens e mulheres era ainda maior do que é hoje.

As Harvard Computers mediram os espectros (ou cores) de mais de 10000 estrelas e catalogaram-nas em 16 grupos rotulados de A a Q. Mais tarde, uma destas astrónomas, a famosa Cecilia Payne, apercebendo-se que as estrelas em cada grupo tinham a mesma temperatura, reduziu o número de grupos a 7 e reordenou-os do mais para o menos quente. O resultado foi a sequência que é usada actualmente: OBAFGKM. Quem estuda astronomia aprende uma mnemónica em inglês: “Oh Be A Fine Girl/Guy, Kiss Me”. A sequência OBAFGKM começa com as estrelas mais quentes e azuis, as O, e progride para as mais frias e vermelhas, as M.

Estrelas são enormes bolas de gás, principalmente hidrogénio, contidas pela sua própria força de gravidade. A pressão no centro da bola é tal que comprime os núcleos de hidrogénio até os fundir em núcleos de hélio, e por aí fora em átomos cada vez maiores. Esta fusão nuclear produz rodos de energia e alimenta o brilho e calor que emana das estrelas.

A massa, ou quantidade de gás à nascença decide que tipo de estrela vamos ter e quão longa será a sua vida. São mais longevas as estrelas que têm menos massa à nascença. As estrelas de maior massa vivem menos tempo e morrem em fantásticas explosões chamadas supernova.

As estrelas do tipo-O são os gigantes do universo. São azuis e as mais quentes, com temperaturas acima dos 30000ºC, e dez vezes maiores e dezenas de milhar de vezes mais brilhantes do que o Sol. Dada a sua exuberância, as tipo-O vivem “pouco”, consumindo o seu hidrogénio em alguns milhões de anos.

Depois vêm as tipo-B (branco-azuladas, 20000ºC), as tipo-A (brancas, 8500ºC) e as tipo-F (branco-amareladas, 7500ºC). O Sol é do tipo-G, que inclui estrelas amarelas com temperaturas cerca de 5700ºC e que vivem 10 mil milhões de anos. Seguem-se as tipo-K (alaranjadas, 4500ºC) e finalmente as tipo-M (vermelhas, 3000ºC), que são chamadas anãs vermelhas e podem atingir um milhão de milhões de anos de idade.

Exemplos de estrelas conhecidas e visíveis a olho nu incluem Spica (tipo-B) na constelação de Virgem, Vega (A) em Lira, Estrela Polar (F) na Ursa Menor, Beta Draconis (G) em Dragão, Arcturus (K) em Boieiro, e Antares (M) em Escorpião. As tipo-FGKM, por terem vidas longas, são interessantes na busca de vida no universo, porque os seus sistemas planetários têm mais tempo para desenvolver vida.

Autoria de:

Pedro Lacarda

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