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Opinião – À Mesa com Portugal – Viver nas redes

18 de julho às 10 h36
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A realidade das redes sociais não pode ser contrariada, ela existe e, por muito que se discuta, está no meio de nós. Acredito que, até aqueles que as criticam, na sua privacidade delas fazem uso. Afinal, somos animais sociais, gostamos do contato com os outros, por isso, quem se atreve a recusar o poder de contato fácil e direto com o mundo? Não concordo que seja só uma questão de afago ao ego, de promoção do eu. Será tudo uma questão de utilização, pois quando surgiu o espelho decerto que o mesmo terá sido satanizado pelo modo como espelhava uma certa dose de narcisismo.
O saudável está sempre no modo equilibrado como utilizamos os recursos. Consumir redes sociais é como consumir açúcar ou sal, em excesso pode ser catastrófico para o nosso bem-estar mental, em doses certas, faz rir, faz chorar, aproxima, levanta a moral ou ajuda a descobrir o mundo. Muitos dos órgãos de comunicação social, imprensa escrita, televisão, rádio, fazem uso das redes sociais para promover os seus conteúdos. Talvez, aquelas sejam uma nova forma de conteúdo publicitário, pessoal ou corporativo. E, cada um, só tem de escolher o que quer ver, ouvir ou dar atenção.
Do mesmo modo, tudo depende de quem queremos ter na nossa rede. Não temos de ter o mundo inteiro, pois que esta ideia magnânima de que somos um grande grupo de amigos não colhe proveitos no bem-estar individual. Há que selecionar, escolher quem queremos que esteja connosco no mundo virtual.
E sim, as redes sociais, no seu excesso, não serão apenas um problema para os mais novos, para os que ainda não têm maturidade para fazer boas escolhas, também os mais velhos são afetados pela inércia e quase controlo da mente que alguns conteúdos geram. Sinto que, mais do que os jovens, os mais velhos precisam de aprender a lidar com a manipulação. O envelhecimento ativo obriga a não ficar horas a olhar um ecrã hipnotizado por sucessivos vídeos. Mas, mais uma vez, o mesmo aconteceu com programas de televisão ou imprensa escrita.
No nosso todo, precisamos ouvir o humanismo que deve estar por detrás das relações humanas. É claro que é maravilhoso sentir as mensagens através das redes sociais, saber que alguém escreveu algo para nós. Mas convém não esquecer que nada substitui o poder da emoção de uma palavra que se ouve, de um abraço que se sente, de um esforço que se faz para um encontro. É que a vida não é mesmo só o coraçãozinho ou o emoji feliz que se espalha no mundo virtual, é vida na luz e na sombra que ela tem. Sentir as pessoas ao nosso lado, é o melhor que podemos ter.

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