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Opinião: À Mesa com Portugal – A minha história com a Francesinha

28 de março às 13 h33
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Na terça-feira passada estava aguadinha por uma Francesinha. De tal modo que, mesmo não tendo companhia, fui-me deliciar com uma das minhas preferidas. Até aqui tudo bem, pois imagino que não é só a mim que me acontece isto, ir comer uma Francesinha porque sim, porque tem de ser. Afinal, é daquelas receitas que é um concentrado de puro umami. Mas isto vindo de uma pessoa que, até aos 50 anos, só tinha comido Francesinha duas vezes na vida é que é muito estranho. Mas sim, é mesmo verdade, dizia que não gostava. Das que tinha provado, enjoava-me a montanha indiscriminada de carnes que aparecia entre as duas fatias de pão, não gostava da sensação de pão mole e ensopado e o molho, a parte que todos diziam adorar, não me enchia as medidas. De todo. Por isso, sempre que, entre amigos, se falava de Francesinha, eu dizia “vocês comem, mas eu escolho outra coisa”.
Mas… posso dizer que há um antes e um depois! De ter provado uma Francesinha que me fez mudar de ideias e, praticamente, me viciou. Dois bons amigos levaram-me até um sítio que eu não conhecia. À época, era a menina das Beiras, pouco habituada aos imperdíveis gastronómicos do Porto, é caso para dizer “lá sabia eu o que era uma Francesinha!”. E muito menos conhecia a Regaleira, o lugar onde nasceu esta receita fantástica. Por isso, resisti a alinhar na ideia.
O que é certo, é que adorei. Na altura não admiti, mas adorei. Mas fiquei a gostar ainda mais quando percebi porque tinha gostado tanto. O pão não era de forma, era molete. Mais pequeno, a crosta tostadinha permitia que ficasse molhado, mas não ensopado, ou seja, mantinha-se estaladiço. O recheio era uma fatia de carne assada (de porco), linguiça e salsicha fresca em quantidade adequada, a fazer notar o sabor de cada uma das camadas. O queijo cobria, derretido, aquela sande maravilhosa. O molho era um saboroso e muito concentrado caldo capaz de viciar, sim capaz de viciar. Nem sei explicar porquê. As batatas, à parte, cortadinhas de forma delicada em pequenas ondinhas, pediam para mergulhar no molho e engolidas sem critério ou boa educação. Foi o que fiz.
Desde aí, tento controlar o apetite, mas dou por mim a arranjar desculpa para ir comer uma Francesinha. Ou na Regaleira, onde tive o meu batismo e aprendi a gostar, ou na Casa Inês, onde o Germano faz uma Francesinha mais do que deliciosa e igualmente equilibrada. E viva a Francesinha!

Autoria de:

Olga Cavaleiro

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