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Mundo (em) suspenso

04 de novembro às 12h32
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Esta terça-f. dia 5 de Novembro, decorrem as eleições presidências dos Estados Unidos da América. Fruto de um sistema complexo e anacrónico, é incerto quem será o vencedor.
A eleição é indireta, sendo o sistema de votação datado a 1787, aquando a Constituição dos E.U.A. foi elaborada. Nessa altura era praticamente impossível a realização de uma votação popular nacional para eleger um presidente, dado o tamanho do país e das dificuldades de comunicação. O sistema mantém-se e este é dos poucos casos em nem sempre o candidato quem tem mais votos, vence a eleição. Já aconteceu cinco vezes: o exemplo mais recente ocorreu em 2016, quando Donald Trump, obteve 46,1% dos votos populares ao nível nacional, enquanto a candidata Hillary Clinton, recolheu 48,2%. Porém no Colégio Eleitoral, Trump obteve 304 votos no total, ao passo que Clinton recolheu 227 votos. Mais controversa foi a disputa em 2000, quando o democrata Al Gore obteve 48,38% dos votos populares ao nível nacional e o republicano George W. Bush recolheu 47,87%. No Colégio Eleitoral, porém, Al Gore ficou com 266 votos e Bush com 271. O Estado decisivo para a eleição foi a Florida, onde a votação foi de tal forma renhida que Bush venceu por apenas 537 votos populares (decisão polémica após serem interrompidas as recontagens), recebendo o apoio de todos os 25 eleitores da Florida no Colégio Eleitoral.
Este sistema elege um dos cargos mais importantes do mundo e a incerteza que se vive hoje só será dissipada daqui a 2 dias. A Europa mantém-se em suspense, dado as posições antagónicas dos candidatos. Com instabilidade provocada pela guerra na Ucrânia e a situação no Médio Oriente, a eleição do presidente americano pode mudar o rumo destes eventos.
Para além da política externa, as políticas económicas terão um impacto muito importante nas relações comerciais entre os dois blocos. As posições protecionistas de Trump poderão ter um efeito muito negativo nas exportações europeias, com a aplicação de uma tarifa de 10% sobre todos os bens da União Europeia exportados para os EUA. Em particular podem prejudicar sectores europeus orientados para a exportação, como o automóvel e a maquinaria. Uma eventual retaliação da UE pode agravar as tensões. Esta é uma das propostas fundamentais de Donald Trump, e segundo os dados da Comissão Europeia afetarão em particular a Alemanha, a Itália e a Irlanda. Embora a China tenha ultrapassado os EUA como o principal parceiro de bens da União Europeia em 2020, os EUA continuam a ser o maior parceiro comercial global da Europa quando se incluem os serviços e o investimento.
De acordo com os dados da Comissão Europeia, a União Europeia exportou 502,3 mil milhões de euros em bens para os EUA em 2023, constituindo um quinto de todas as exportações não europeias da União Europeia.
Esta semana é crucial e o tema da economia está no centro da decisão. Por entre acusações e notícias falsas, os temas da imigração, do aborto, do direitos das mulheres e das minorias estão na linha de frente da discussão, mas o tema principal é claro: “It’s the economy, stupid!”

 

Autoria de:

Jorge Pimenta

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