Opinião: O Estado de despreocupação

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É brutal, nos dias de hoje.
Na África do Sul, as políticas de saúde pública decretadas na presidência de Thabo Mbeki, entre 1999 e 2008, tiveram um impacto significativo.
Logo após a sua eleição para o cargo de chefe de Estado, Mbeki começou por negar o consenso científico de que o vírus VIH causa o SIDA e que a cura estava na beterraba!
A convicção do homem levou-o a reunir, em 2000, um painel consultivo presidencial em que vários “especialistas” internacionais negaram que o vírus VIH era a causa do SIDA.
Nos oito anos seguintes, Mbeki continuou a manter o seu negacionismo instituindo políticas de saúde pública que negavam o acesso a antirretrovirais a doentes infetados com o Síndroma.
O resultado das políticas do ANC Governante, de orientação socialista, pode ser consultado e contabilizado hoje nos cemitérios do país.
A falta de competência na criação de políticas de desenvolvimento; de emprego e na gestão eficiente da coisa pública, tem sido gritante em vários setores de actividade, ao ponto de o país ter hoje menos comboios a circularem por falta de carris e equipamentos na ferrovia; de a companhia aérea da bandeira não funcionar por falta de aviões; de os hospitais públicos estarem degradados, a corrupção ser endémica, etc.
Além de as infraestruturas urbanas estarem delapidadas; e a criminalidade ser galopante, as empresas públicas também faliram em menos de 30 anos de governação socialista pós-democrática, após a queda do regime segregacionista do ‘apartheid’ em 1994.
Quem diria que a maior economia de África estaria hoje às escuras. E quem diria que em Portugal os hospitais públicos encerrassem urgências para conseguirem melhor salários para médicos, ou que o país fosse dependente de Bruxelas e estivesse todo ardido pelo fogo em julho de 2022.
A estatal eléctrica da África do Sul, Eskom, aumentou desde o mês passado, em pleno inverno, o nível de cortes de energia para o sexto mais severo desde 2019, numa escala de oito, privando o país com 12 a 16 horas sem energia elétrica durante o dia em cada 24 horas.
E tal como em Portugal, são as vítimas de rendimentos precários impostos e reformas de 230 euros que estão na linha da frente deste Estado de despreocupação, arrogante e incompetente, que apenas “governa” nas televisões e nos jornais.
Não sei se é politicamente correcto destruírem até ao chão uma Eskom, com capacidade nuclear instalada, colocando na miséria milhares de famílias para que o partido no poder possa criar outra empresa concorrente, como foi esta semana anunciado pelo presidente do ANC Governante.
Ou se também será politicamente correcto deixar queimar um país inteiro, do Minho ao Algarve, para dar início a uma “nova operacionalidade” sem que, primeiro, tenham demonstrado que conseguiriam fazer melhor nesse mesmo território onde só os proprietários, com a ajuda de voluntários, defendem o pouco que têm e que partilham para financiar a engorda dos públicos. Nos incêndios em 2017 morreram 100 pessoas.
É certo que os cidadãos podem contribuir para a mitigação do problema e, nesse sentido, o seu envolvimento, em sociedades democráticas, faz-se precisamente através do voto naqueles governos que demonstram entender a problemática de fundo.

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