Opinião – Arborização Urbana

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O efeito da urbanização acelerada tem provocado grandes modificações sobre a paisagem. Nesse contexto, a arborização urbana é importante por proporcionar melhorias significativas e diversas na qualidade de vida da população. Devido à sua importância crescente, esta tem-se destacado nas discussões sobre os problemas urbanísticos das cidades.
A convivência das árvores com a cidade não é fácil. Estas lutam diariamente pelo espaço que permita o seu crescimento, procuram sobreviver aos maus tratos provocados pela poluição e alterações climáticas atípicas, pela ação do homem, tendo ainda por vezes, que superar a inadequação da sua espécie, ao local onde se encontram.
Não podemos esquecer que as árvores urbanas desempenham funções importantes na qualidade de vida dos cidadãos e melhoria do meio ambiente, tais como benefícios estéticos e funcionais, os quais superam grandemente os seus custos de implantação.
Esses benefícios estendem-se desde o conforto térmico e bem-estar psicológico dos seres humanos, até à sustentabilidade ambiental e à regulação do ecossistema.
A impermeabilização indiscriminada do solo urbano é um dos agentes que aumenta o escoamento superficial, podendo provocar enchentes em determinadas alturas de grande pluviosidade. Efetivamente, a elevada concentração de asfalto e cimento, aliada à falta de arborização e à poluição crescente, produzem “ilhas de calor”, tornando os centros urbanos, áreas de baixa humidade relativa e alta temperatura.
Em oposição, as árvores contribuem para a moderação dos extremos climáticos dos centros urbanos, economizam recursos públicos reduzindo a manutenção de áreas pavimentadas que assim sofrem menos com os fenómenos de contração e dilatação, diminuindo seu desgaste. Podem também modificar o sentido dos ventos, pela obstrução, deflexão, condução ou filtragem do seu fluxo, pelo que desde que colocadas estrategicamente, podem proteger as construções ou direcionar a passagem destes.
As estruturas vegetais são também capazes de absorver ondas sonoras diminuindo o ruído urbano. No que se refere à luminosidade, estas atenuam o incómodo causado pelas superfícies altamente reflexivas de determinadas edificações e devido à fotossíntese, reduzem a produção de CO2, contribuindo para diminuição do aquecimento global.
Através do paisagismo permitem uma infinidade de formas e cores, anulando o efeito monótono das construções retilíneas, promovem a beleza cénica, a melhoria estética e ambiental e, consequentemente contribuem para a qualidade de vida da população.
A escolha do local da plantação e das espécies arbóreas deve ser ponderada, de modo a assegurar o seu crescimento, tipologia de podas, minimização do risco de acidentes, sem causar prejuízos à acessibilidade dos cidadãos.
Neste sentido, considerando que a cidade possui áreas com diferentes aptidões para o plantio de árvores, deve existir um planeamento adequado da arborização de passeios em vias públicas, áreas livres e dos espaços internos de lotes, públicos e privados.
É importante considerar também, a importância das florestas urbanas (Vale de Canas e Choupal) como ecossistemas mais expressivos, na sua articulação e conexão com a arborização urbana, permitindo a criação de verdadeiras redes ecológicas.
Coimbra, nas últimas décadas tem tido algumas destas preocupações ambientais, com a criação de novas áreas verdes (Parque Verde, Jardim Mendes Silva, Casa do Sal, Parque Linear Vale das Flores, entre outros), bem como a valorização e manutenção das existentes.
Mas é importante a arborização das freguesias limítrofes, nomeadamente nas áreas de indústria e armazenagem e nos acessos de entrada na cidade.
Há sempre espaço para mais uma árvore.

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