Opinião – Alojamento Local de Medina

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O presidente da CML escreveu no jornal britânico The Independent e soaram alarmes na imprensa portuguesa. Uns diziam que Medina queira livrar-se do Airbnb depois da pandemia, outros que queria transformar alojamentos Airbnb em casas para profissionais de serviços essenciais. Medina veio a terreiro clarificar que o jornal inglês já tinha corrigido o título alarmante, que não corresponderia à verdade. O título agora é “After coronavirus, Lisbon is replacing some Airbnbs and turning holiday rentals into homes for key workers”. A proposta consiste em pagar aos senhorios para alterar milhares de alojamentos locais em contratos de arrendamento destinados a trabalhadores essenciais (“We’re offering to pay landlords to turn thousands of short-term lets into “safe rent” homes for key workers”). Medina só não explica quanto vai pagar, a quem, nem como vai escolher os trabalhadores dos serviços essenciais. Coisas de pormenor.
Em Novembro de 2018, a Assembleia Municipal de Lisboa fez 2 debates temáticos sobre “O impacto do Turismo na cidade de Lisboa”. Que disseram os socialistas presentes? Na 1ª sessão, Luís Vilhena, Deputado do PS na AR tomou da palavra e vincou que o turismo não deve ser visto como uma ameaça à cidade ou aos lugares aonde habitamos e vivemos, mas antes como uma oportunidade para a economia e que deve ser entendido como um factor positivo na transformação das cidades e da paisagem. Terminou destacando que o Grupo Parlamentar do PS considera a actividade de exploração do alojamento local um activo importante para o sucesso do turismo no nosso País e tem um efeito positivo na nossa economia. Também Vítor Costa, Presidente da Região de Turismo de Lisboa, informou que entre 2012 e 2017 o aumento de total dormidas de turistas foi de cerca de 145%, o que significou um impacto de 6.300 milhões de euros em 2015, qualquer coisa como 15% do PIB da cidade e 35,7% dos empregos. Em termos de exportações, o turismo representava cerca de 72,5%, um número impressionante sobre o peso da actividade turística na cidade de Lisboa. Só para se ver a diferença, em 2012 o Município de Lisboa teve de receita de IMT 63 milhões de euros, mas em 2017 arrecadou 224 milhões. Terminou apresentando dados de um inquérito revelador que cerca de 2/3 dos lisboetas têm opinião positiva sobre os turistas.
Na 2ª sessão, o Senhor Deputado Municipal José Leitão (PS) gritou a plenos pulmões que esta é a hora de Lisboa, é a hora em que a nossa Cidade tem consciência de que as oportunidades de hoje são muitas, novas e irrepetíveis! Lisboa sente-se confiante como Capital Global e aberta ao mundo. O investimento estrangeiro, quer dirigido ao sector do turismo, quer o dirigido à economia do conhecimento, quer dirigido a muitas outras actividades e iniciativas económicas, é bem-vindo e tem sido essencial para criar empregos e para a requalificação urbana, valendo 6,3 mil milhões de euros na economia da Cidade, o que equivale a quatro vezes sector do calçado em Portugal e 3 vezes a Auto Europa. Quanto aos problemas habitacionais, isso nada tinha a ver com o turismo, pois a raiz do problema estava na malfadada Lei do Arrendamento de Assunção Cristas.
Há realmente afirmações difíceis de entender, mesmo quando a luta pelo poder no PS assume contornos de gladiadores em circo romano. E Medina, nas suas afirmações bombásticas, tem tentado demasiadas vezes despoletar a granada. Falta saber se o fez a tempo de impedir a explosão.

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