Opinião – Bolas de Bruxelas

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Recentemente, perguntaram-me se era verdade que a União Europeia tinha proibido a venda das Bolas de Berlim nas praias. E eu que até gosto tanto de comer a dita bola no final de um bom dia de praia. Infelizmente, não fiquei surpreendida com a pergunta porque são muitos os mitos deste género com que me deparo. A União Europeia tem realmente o mandato de contribuir para a nossa segurança alimentar.
As exigências das normas europeias existem para nos proteger. Quanto às Bolas de Berlim, desde que sejam fabricadas num estabelecimento que cumpra as regras de higiene e segurança alimentar e desde que haja cuidados para garantir que não existe deterioração e contaminação, podem continuar a ser vendidas nas praias.
Outro exemplo é o da proibição do consumo de “carapauzinhos”. Foi, sim, fixado um tamanho mínimo de 150mm para a pesca dos carapaus, mas isso tem uma razão muito importante: para que a biodiversidade da espécie não fosse posta em causa e, assim, estamos a garantir que a espécie dure por muito mais tempo. E os possamos continuar a consumir.
Outros mitos são relacionados com as eleições europeias, e elas estão aí à porta – aqui em Portugal vão acontecer a 26 de maio! Por vezes, perguntam-me se é necessário sair de Portugal para poder votar – e não é. Como em qualquer outra eleição, apenas têm de se dirigir para o local onde costumam votar. E, como em qualquer outra eleição em Portugal, só precisa de ser maior de idade e de estar recenseado para votar.
E, sim, vale a pena votar porque as decisões são tomadas por aqueles que elegemos – os deputados do Parlamento Europeu e os governos nacionais quando se reúnem no Conselho. Os cidadãos europeus elegem assim quem toma as decisões na União Europeia, contradizendo outro grande mito.
Para mim, o maior mito é o de que a UE não tem um impacto real no nosso dia-a-dia. Não só não é verdade como até sucede exatamente o oposto. Esbarramos com a UE quando nos assegura a qualidade da água que consumimos e onde nos banhamos, quando assegura o tratamento dos resíduos que produzimos, na energia renovável que consumimos cada vez mais, nos plásticos não recicláveis que vamos deixar de usar, quando custa menos pagar com o cartão de crédito ou de débito numa loja, quando compramos o que nos apetece em linha sem entraves, quando acedemos gratuitamente à internet num espaço público… A UE faz parte da vida de todos nós, todos os dias.
Como sabem, nem tudo aquilo que lemos ou ouvimos corresponde à realidade. Na verdade, os mitos sobre a atuação e o impacto da UE em Portugal não são um fenómeno recente. E estas mentiras que “não matam mas doem”, descredibilizam as instituições europeias e desacreditam a UE aos olhos dos cidadãos. Por isso, é importante desmistificar este tipo de desinformação. Foi com esse intuito que a iniciativa “Bolas de Bruxelas” foi criada pela Comissão Europeia em Portugal, brincando com o mito de que vos falei no início e que, mesmo com clarificações da ASAE, acabou por se perpetuar. Assim, andámos a distribuir gratuitamente bolas de Berlim, juntamente com panfletos informativos sobre alguns dos mais famosos “mitos europeus”, nas ruas de Lisboa e do Porto. Porque para combater mitos, nada melhor do que fazer uso do humor. Vamos continuar a distribuir “Bolas de Bruxelas” pelo país fora. E enquanto aguardam que a carrinha chegue, ponham o vosso espírito crítico a funcionar e interroguem-se antes de partilhar um “mito europeu”.

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