Opinião – Beija-mão

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Em “As Ordens Mendicantes na Coimbra medieval: notas e documentos”, o Doutor Saul António Gomes refere que “desde sempre que a Foz do Mondego, por Buarcos ou S. Julião, funcionara como porto marítimo de significado internacional. Barcas do Norte da Europa ou oriundas das cidades mediterrâneas ali aportavam, deixando mercadorias e gentes, peregrinos e cruzados, embarcando outrossim novas cargas e viajantes”.
Ou seja, pelo menos desde o século XII que a Figueira é ponto de encontro entre o mar e a terra, entre o norte e o sul, estando na sua matriz identitária a cortesia no trato a quem nos visita, na esperança de que se sinta bem e aqui fique ou cá regresse.
No passado dia 5, os deputados do PSD eleitos pelo distrito visitaram o concelho da Figueira, o mais afetado pela Leslie de outubro, e classificaram a situação como “bastante grave” (algumas instituições ainda estão sem telhado e sem resposta de organismos oficiais, faltam respostas concretas do Governo sobre os prazos de aplicação das medidas, há informações contraditórias sobre a sua operacionalização, mas nota-se coerência relativamente ao tratamento no caso dos incêndios, ou seja, há atrasos e demoras incompreensíveis).
Ora, quando se esperava que a Câmara juntasse a este alerta a sua preocupação e mesmo indignação, eis que “o Gabinete”, na defesa intransigente do senhor feudal, se insurge afinal porque uns vassalos não prestaram tributo ao atravessar os seus domínios, tendo por terras de Sua Eminência andado, imagine-se, sem terem ido ao beija-mão…

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