Com o Governo de José Sócrates reiniciou-se com rara ferocidade a degradação da Escola Pública Portuguesa. Poucos o entenderam como explicável dentro da necessidade de criar um mercado público para a requalificação das escolas, mas o objetivo escondido mas principal era permitir baixar os custos da Educação e, ao mesmo tempo, fazer da Escolas Pública um reservatório de crianças para que os pais pudessem trabalhar mais horas para um qualquer patrão. Havia nesse tempo bancos que, em nome de uma modernidade desumana, faziam trabalhar até muito tarde os seus trabalhadores, não tendo quase mulheres nos seus quadros de pessoal.
Terminava então dinâmica que tinha permitido em 1912 e “Apesar de relativamente tardia a criação do Laboratório de Psicologia da Universidade de Coimbra integrou-se, segundo próprio fundador, neste movimento (de criação de Laboratórios) que avassalou o mundo», embora o objetivo apontado no diploma legal fosse o de contribuir para a renovação dos estudos filosóficos bem como o de apoiar as atividades pedagógico-didáticas da Escola Normal Superior de Coimbra” ( 1 )
Tudo se integrava numa política vesga, que agora conhecemos melhor nos seus meandros, pois impôs um limitador enquadramento legal com o Estatuto da Carreira Docente de 19 de Janeiro de 2007, que reduzia, entre outros, o direito dos docentes à formação profissional, a condição necessária para a progressão na carreira, logo completado pelo congelamento da contagem do tempo de serviço.
É o que agora, dada a sua brutalidade como privação de direitos, causa engulhos difíceis de superar tanto pelos professores como pelo Governo de António Costa que, vemos, está metido num grande alhada, perdendo continuadamente credibilidade, tendo até aumentado a conflitualidade laboral no ano que há pouco terminou.
Ao mesmo tempo sabemos como as “reformas da Ministra Maria de Lurdes Rodrigues” continuam a inquinar a vida das escolas e, também, sabemos pelo que escreveu posteriormente que pouco sabe de Pedagogia.
Tudo resultou, tenho a certeza, de uma agenda neoliberal, em que o objetivo era não só o resgate de bancos fraudulentamente mal geridos, mas também a alteração das leis do trabalho para aumentar a exploração de todos os trabalhadores, degradando as suas condições de vida, incluindo a familiar.
Estamos assim num labirinto de decisões a tomar para que a vida das escolas retorne à normalidade necessária, e só para que a Pedagogia retome o seu lugar na Escola Pública Portuguesa.
( 1 ) Manuel Viegas de Abreu e Armando Mónica de Oliveira – O Laboratório de Psicologia Experimental da Universidade de Coimbra: O Primeiro Laboratório de Psicologia em Portugal ( 1912 ), Instituto de Psicologia Cognitiva, Desenvolvimento Vocacional e Social, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade de Coimbra, p. 12.
