Opinião: Dubrovnik e Coimbra, cidades monumentais

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Mas com diferenças evidentes.

Dubrovnik, na Croácia, conhecida como a pérola do Adriático, com a sua espantosa Cidade Velha, local de filmagens da Guerra dos Tronos, é Património Mundial da Unesco desde 1979.

Dubrovnik tem uma história riquíssima. Foi uma república independente governada por um Reitor eleito mensalmente, até ser invadida por Napoleão. Na entrada do palácio do Reitor pode ler-se “Obliti privatorum publica curate”, ou seja, esquece os interesses privados e trata do interesse público!

Para quem vem de uma cidade suja, a limpeza impecável de Dubrovnik, a total ausência de pichagens e a imaculada preservação do património marcam logo uma agradável diferença. Os caixotes do lixo são lindíssimos, modernos, funcionais, apelativos, limpos por fora e sem maus cheiros (pode ver a foto no facebook do Somos Coimbra)!

Na Cidade Velha não entram carros, mas o comércio e a restauração estão permanentemente cheios, com milhares de turistas. Não há carteiristas nem pedintes e a sensação de segurança é total, a qualquer hora do dia ou da noite.

O que mais impressiona é que a cidade sofreu violentamente durante a guerra do Balcãs, em 1991-92, período durante o qual Dubrovnik esteve cercada, sem água nem luz, e 80-90% da cidade foi destruída. Num só dia foi bombardeada com 2000 mísseis e obuses.

Apesar da Croácia ter um PIB per capita inferior ao de Portugal, atualmente todos os edifícios foram reconstruídos respeitando rigorosamente a traça e os materiais originais, pelo que quem anda pelas estreitas ruas da Cidade Velha ou percorre os 1940 metros das suas magníficas e completas muralhas tem dificuldade em acreditar que, há 25 anos, a cidade estava praticamente toda arrasada.

Para percorrer as muralhas, o bilhete de adulto custa 21 euros. Mas vale a pena, pois a monumentalidade e a paisagem de Dubrovnik e da sua região são deslumbrantes. Milhares de pessoas fazem diariamente este percurso.

O Festival de Verão de Dubrovnik, que este ano contou com um orçamento de 2 milhões de euros, é um dos mais conceituados da Europa, com centenas de eventos culturais, dos mais eruditos aos mais folclóricos.

A cada passo que dava nas ruelas ou na rua principal de Dubrovnik, a cada esquina que dobrava, a cada monumento que visitava, era inevitável a permanente comparação com Coimbra.

Em Dubrovnik não havia ruas sujas e abandonadas, nem lojas encerradas, nem edifícios históricos fechados, nem imóveis degradados, nem lixo e maus cheiros por todos os cantos. A zona histórica de Coimbra é que parece bombardeada…
Porque a Universidade é património Mundial, o turismo em Coimbra vai crescendo, mas, por falta de uma estratégia regional e global da Câmara Municipal, não chega aos calcanhares de Dubrovnik.

Termino com três sugestões. Que Coimbra organize todos os anos um grande Festival de Verão, que promova a geminação com Dubrovnik e que os autarcas da maioria PS/PCP que governa a Câmara vão visitar Dubrovnik, para terem um pouco mais de mundo e para se inspirarem e aprenderem.

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