Opinião – Quem está de fora racha lenha!

Posted by
Spread the love
Ferreira Ramos

Ferreira Ramos

Quem se habituou somente aos jogos de internet não compreenderá o significado do título.
Quando se jogava, um contra um ou em equipa, os palpites ou as informações dadas por quem estava de fora eram mimoseadas com essa expressão que, basicamente, significava que tais opiniões, mais do que dispensáveis, eram, deviam ser, vedadas.

Há gerações dentro, que estão a jogar, e gerações fora, que deverão estar caladas?
Vejamos exemplos. Não é só a questão da solidariedade intergeracional, da segurança social e do plafonamento, da questão da dívida soberana e do presente envenenado que qualquer recém nascido recebe mal abre os olhos, da pegada ecológica que fazemos e cujas consequências serão sentidas, consoante os casos e as opiniões, daqui a 30 anos ou a 300 anos.
Centremo-nos no século passado.
O que terão pensado das Guerras as gerações do pós guerras?
Terão pensado que os seus antecessores honraram o passado ou que traíram o futuro?
Por cá, na meia idade, e rigorosamente a meia idade cada vez mais começa a ser a meia centena de anos, as dúvidas podem oscilar entre a traição ao Império ou o atraso na negociação das Colónias ou ter sido bom não termos entrado na Segunda Guerra.
Não há certezas aí.
Mas há certeza de que seremos os últimos a receber mais do que vamos deixar nesta parte do mundo.
Outra das certezas neste Velho Continente (nunca como hoje o nome esteve ajustado!!) é a necessidade de um novo léxico, cada vez mais próximo da etologia, na estratificação humana. Hoje há seniores, grandes seniores, enormes seniores.
E uma das questões que se poderá colocar é se, por contraponto a uma idade da maioridade – a partir da qual se pode votar-, não poderá haver uma idade da senioridade – a partir da qual se não poderia votar!
Dito de outra forma, será razoável que uma pessoa com oitenta anos, com noventa anos vote? Estará uma pessoa, com essa idade, mais preocupada com o futuro ou em acertar contas com o passado? Quais serão as preocupações nessa idade?
O que por aí se vê é que o atingir desse patamar, a sorte de atingir essa idade, a velhice activa- para os privilegiados que a têm – tem agregado muitas vezes a sobranceria, a impunidade e laivos de pouca razoabilidade. Estes qualificativos, no momento do voto ou na tomada de decisões, são mais um perigo.
Os partidos, por sua vez, deverão estar prestes a substituir os jotas de Juventude pelos erres de Reformados.
O interessante é que, nestes próximos anos, será possível ver quem fez vida nas jotas a fazer nos erres. Será um momento único.
E único, até agora- ir-se-á perigosamente replicar-, foi o que aconteceu no último referendo. No Brexit quem promoveu a entrada e quem viveu os benefícios da Europa foi exactamente quem impôs a saída.
Egoisticamente? Sim, comeram a carne…

One Comment

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.