Opinião: Quanto mais trampa mais Trump

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Ferreira Ramos

Ferreira Ramos

 

Começaram pelo “é proibido proibir”. E avançaram numa frente libertária. Prego após prego. Lança após lança. Pode-se abortar, melhor, interromper voluntariamente a gravidez. Pode-se fumar ganzas, melhor, substâncias psicotrópicas. O casamento é um contrato como outro qualquer. Pode-se casar com alguém do mesmo sexo. Ou viver em união de facto. E casais do mesmo sexo podem adoptar. Ahh, e há as barrigas de aluguer. Está tudo? Quase.
Esta parte foi fácil. Extraordinariamente fácil também porque a Igreja que temos também é frouxa. Vale o futebol e o Fernando Santos para nos relembrar a importância do crufifixo que é para tirar de todo o sítio…
Passemos para o é “permitido proibir”.
É proibido lançar piropos. Comecemos pelo mais compreensível. E é proibido maltratar os animais. E são proibidas as touradas esquecendo o que é ser português. E é proibido ser Comando esquecendo o papel que tiveram na defesa do Império e na conquista da Democracia. Dir-se-ia que é uma vingança fria de quarenta anos.
Depois há os liberais. Normalmente com arcas encouradas… ou armários. Dizem “não apoiamos mas também somos contra a proibição”. São normalmente contra qualquer proibição. Querem fazer o que lhes apetece e lhes dá na gana.
Ora, este frenesim proibicionista de quem queria tudo libertar cheira a esturro.
Em rigor, é admissível esta senda anti costumes nossos, enraizados, que fazem de nós um País e uma Nação?
Estes exageros, este hipiechiquismo é a combinação perfeita para uma resposta exagerada e excessiva do outro lado.
É corrente, hoje, a menorização de Trump, o paternalismo europeu a desdenhar as gaffes monumentais e o radicalismo de alguém que nem o próprio partido une.
Há aqueles que, não percebendo o preconceito que tal frase envolve, dizem “depois do negro Obama uma mulher ou Trump”, que é como quem diz, venha o Diabo e escolha.
Outros, sossegam-se a dizer que é a democracia.
Talvez seja só o excesso de democracia. A overdose de democracia que convoca a mão pesada.
Daremos todos a pensar na diferença de um muro entre os EUA e o México (que Trump exige ser pago pelo México) e o Muro em Calais que os Britânicos se disponibilizam para pagar.
Uns são muros de vergonha e os outros são de protecção?
São estas incoerências que levam as pessoas a procurar respostas claras e compreensíveis, como se fossem louras como Trump.
Os apoiantes de Trump, da Le Pen e de outros radicais não são todos fascistas, gente que ganha dinheiro a especular ou a traficar mão de obra barata.
Não, na sua maioria são as pessoas da classe média e baixa (se ainda há distinção) que não compreendem como podem os seus costumes ser vilipendiados em sua casa, que se sentem estrangeiros no seu País e que dia após dia trabalham para sustentar a sua família e olham para o lado e veêm emigrantes e refugiados a serem apoiados e a receberem subsídios e a viver à custa dos impostos que pagam.
Seria bom termos algum equilíbrio, seria bom não saltarmos para extremismos.
Mas, há que convir, quanto mais trampa na discussão política mais Trump, independentemente do nome, teremos. Lá e cá. Hoje ou amanhã.

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