Opinião – Uberriga de aluguer

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Ferreira Ramos

Ferreira Ramos

Barriga de aluguer, uma decisão sem retorno”
– Expresso 21/5/2016
“Papa lamenta quem sente compaixão pelos animais e indiferença pelos vizinhos”
“Animais devem deixar de ser coisas no Código Civil

A aprovação está anunciada. Mais cedo ou mais tarde teremos a maternidade de substituição, de mais ou menos compaixão, a gestação de substituição ou, se quisermos ser mais curtos e grossos, barrigas de aluguer.

Nisto dos princípios o problema é deixar colocar a lança em África.

Todos nós conheceremos um casal, heterossexual claro, que gostaria de ter um filho e, naturalmente, se cientificamente é possível, porque não?

Todos nós, num caso concreto, poderemos defender a pena de morte.

Todos nós, perante aquele comportamento, daquele trabalhador defenderíamos o despedimento mesmo sem justa causa.

Todos nós, num caso de aborto, perante aquela vivência específica poderíamos admiti-lo.

Sabemos que, aberta a possibilidade para aquele caso em concreto – que ganha o apoio e exagera a comiseração-, aí está a humanidade a ir por água abaixo.

Os fluxos de discussão política são contraditórios.

Os animais deixam a parte das coisas no Código Civil e passam a uma “definição intermédia”.

No filme “Deus existe e vive em Bruxelas” Catherine Deneuve, ao lado de um gorila, retira a qualificação de intermédio!
Mas, ao mesmo tempo que isto acontece, os mesmos, transformam as mulheres em coisas.

Esta vontade de fazer parecer que todos podem ser terceiro género, a glorificação do homo, o ridículo do/a, o querer a todo o transe que o particular tenha protecção geral está a abrir caminho, no limite, para que as mulheres, algumas mulheres, a Mulher, venha no futuro a ser tratada como mulher parideira.

É, preto no branco, assim. Começar-se-á pela compaixão, defendida certamente pela esquerda católica sempre a fazer o papel de idiota útil, passar-se-á para a possibilidade, já assegurada aos transsexuais, de casais homossexuais femininos e, depois, lá está a igualdade, para os homossexuais masculinos.

Fechado o círculo, quem carregará estes filhos de quem não os pode, melhor, na maioria dos futuros casos, não quer ter? Algumas mulheres. Quais? As que, não vendendo o corpo (lembram-se das cantigas pungentes) alugam a barriga!

Serão as de classe A? As estudiosas do feminismo? As Femen? Não. Serão sempre as mesmas, as que quiserem alimentar os seus filhos, os filhos que geraram naturalmente, com o homem que escolheram mas que, em vez de trabalharem numa qualquer empresa, no campo, encontrarão um outro trabalho: Barrigas de Aluguer.

Serão umas amas de leite de outra cor. Escravas na mesma.

E é por isso que o PCP, sempre atento à clivagem intelectual/operária, vota como vota. Contra.

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