Opinião – Educação sem Fronteiras – 4

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Pedro Mota Curto

Pedro Mota Curto

Numa escola predominantemente orientada para o ensino das ciências e para o prosseguimento de estudos nas universidades, existiam igualmente diversos cursos profissionais, essencialmente práticos.

O que nos chamou mais a atenção foi um curso de estética, cosmética e maquilhagem, numa sala perfeitamente equipada para o efeito.

O curso de Desporto também era muito procurado, sendo de realçar as imensas instalações desportivas, absolutamente soberbas.

No dia seguinte toda a comitiva foi recebida no Ministério de Educação Croata. Compromissos de última hora impediram que o próprio Ministro estivesse presente. No entanto, três assessoras presentearam-nos com elucidativas explicações sobre o funcionamento do sistema educativo na Croácia, onde 70% dos alunos do ensino secundário frequentam cursos profissionais. Como, aliás sucede na maioria dos países europeus.

Na Croácia, em 2016, para uma população de pouco mais de quatro milhões de habitantes, existem 795 Jardins de Infância, 896 escolas do 1º ciclo, 445 escolas secundárias, 600 escolas destinadas à educação de adultos e 125 instituições de ensino superior. Em Portugal, para quase dez milhões de habitantes, existem atualmente cerca de 850 Unidades Orgânicas (denominação utilizada pelo nosso Ministério da Educação para se referir aos agrupamentos de escolas e às escolas não agrupadas).

A partir dos 15 anos, 30% dos alunos continuam a estudar tendo como objetivo a Universidade, enquanto 70% dos alunos ingressam num dos 279 cursos profissionais existentes. Estes cursos têm graus de dificuldade e duração muito variável, desde apenas um ano até cinco anos de especialização e de preparação para integrarem o mercado de trabalho. No ano letivo 2014/2015, 117 384 alunos croatas frequentavam cursos profissionais de quatro ou cinco anos de duração.

De acordo com o discurso dos técnicos do Ministério da Educação, na Croácia a Educação vai sendo adaptada às necessidades do mercado e das empresas. É sua convicção que a Educação tem que se ir adaptando às alterações sociais.

Este país ainda não aderiu à moeda europeia mas, desde 2001, já adotou o Processo de Bolonha, uniformizando deste modo as suas qualificações superiores com as dos restantes países da União Europeia. O Processo de Bolonha e o seu sistema de créditos está implementado em 48 países, facilitando a mobilidade e a troca de experiências entre os estudantes do ensino superior.

A língua croata é absolutamente ininteligível para os portugueses. A sua moeda, a Kuna (um euro vale sete kunas) também não nos é familiar. As temperaturas negativas causam-nos igualmente alguma estranheza, sobretudo quando atingem os dez graus negativos em plena cidade de Zagreb. No entanto, a simpatia e a disponibilidade deste povo apresenta algumas semelhanças com os portugueses, assim como a culinária, os vinhos e os presuntos.

Quanto à Educação, essa é uma linguagem universal e não poderíamos estar mais de acordo quando no Ministério da Educação, em Zagreb, ouvimos dizer que “someone wise once has said the goal of education is turning mirrors into windows” ou quando, no mesmo local, ouvimos citar Nelson Mandela, com estas suas sábias e intemporais palavras: “education is the most powerful weapon for changing the world”.

De regresso à Figueira da Foz, por aqui continuamos na nossa árdua tarefa de tentar prestar um cada vez melhor serviço público. Desta vez reforçados e incentivados por mais uma experiência tão enriquecedora quanto motivadora.

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