Opinião – Seminário de Psicologia da Educação (I)

Posted by
Spread the love

Nos dias 26 e 27 de novembro de 2019, realizou-se no Centro de Artes e de Espetáculos da Figueira da Foz, um Seminário de Psicologia da Educação, organizado pela Direção-Geral da Educação (DGE) e pela Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), tendo como desiderato principal promover a discussão sobre as oportunidades e os desafios que se colocam à Educação.
A plateia, maioritariamente preenchida por psicólogos oriundos de todo o país, ocupou a quase totalidade dos oitocentos lugares disponíveis.
Margarida Gaspar de Matos, da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade de Lisboa, foi a primeira oradora, tendo focado a sua atenção em algumas das caraterísticas dos jovens atuais. Assim e com base em investigações recentes, 80% dos jovens dizem ser felizes, 15% serão infelizes e 5% afirmam ter problemas graves.
Quanto aos atuais hábitos dos jovens portugueses, Margarida Matos afirmou que eles cada vez passam menos tempo em frente à televisão e aos jogos de computador e cada vez mais tempo ligados ao telemóvel.
As atividades preferidas dos jovens são, em primeiro lugar, utilizar o telemóvel, em segundo, ouvir música e em terceiro, dormir.
Ler não faz parte dos hábitos da generalidade dos jovens, o que não deixa de ser muito preocupante, pelas lacunas formativas que irá produzir a curto prazo.
Durante a semana, optam preferencialmente pelo Instagram e ao fim-de-semana pelo YouTube.
Margarida Matos concluiu que há um uso abusivo das redes sociais em detrimento da leitura. Características que, nos dias que correm, não são exclusivas nem dos jovens nem dos portugueses.
De acordo com os dados do PISA 2018 (Program for International Student Assessment), promovido pela OCDE em 78 países, junto de estudantes de 15 anos de idade, nos domínios da leitura, matemática e ciências, 31% dos alunos portugueses declararam que só liam se fossem obrigados, sendo essa percentagem de 41% nos rapazes e de 20% nas raparigas.
Ao longo dos dois dias de trabalho, o Seminário abordou quatro temas principais: Bem-estar, hoje; Aprender, hoje; Avaliar, hoje; Competências socio emocionais e para a Vida, hoje. Estiveram presentes inúmeros oradores, entre psicólogos, professores, diretores de escolas e agrupamentos, pais e encarregados de educação, alunos, representantes da autarquia figueirense, do Ministério da Educação e da Ordem dos Psicólogos, entre outros.
Uma das comunicações mais aguardadas era a de Domingos Fernandes, do Instituto de Educação, da Universidade de Lisboa, reputado especialista e consultor do Ministério da Educação, em questões relacionadas com a Avaliação Educacional, um dos temas que está a marcar o presente ano letivo ( 2019/2020 ) com inúmeras formações, investigações e experiências pedagógicas a decorrer em várias escolas portuguesas. A complexidade desta temática tem originado as mais diversas discussões ao longo dos últimos anos.
Domingos Fernandes iniciou a sua comunicação referindo que a avaliação dos alunos tem sido ineficaz. Considerando que se o atual contexto social, político e económico mudou, a forma como se implementa a Avaliação também terá que ser alterada, pois a Educação tem que ser para todos e não apenas para alguns.
Na sua opinião, a avaliação não é uma ciência exata. Os juízos avaliativos são, por natureza, subjetivos. No entanto, a avaliação dos alunos pode ser rigorosa, se os professores utilizarem vários instrumentos de avaliação que não apenas os testes.
De acordo com Domingos Fernandes, as avaliações não são meras medidas. São práticas e construções sociais sofisticadas, devendo ser simples e facilmente compreendidas por todos.

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.