Opinião – Foi bonita a festa pá. E agora?

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Luís Santarino

Luís Santarino

Pois foi. De facto, António José Seguro encontrou, ele próprio, a forma de suicídio mais eficaz. Ter-lhe-à algum dia passado pela cabeça que tal desastre poderia suceder? Creio bem que não!

O pior que pode acontecer a um político é estar rodeado por pessoas que lhe escondem a realidade. Ou pior, que lhe mostram uma realidade mistificada!

Fugir a sete pés da sede partidária, deixar crescer a barba e o bigode, vestir uma casaca desbotada e usar um boné como um guarda-redes de matraquilhos, poderá ser uma forma simpática, por inédita, de saber o que os cidadãos pensam, a forma como o fundamentam e, sobretudo, como procuram dar resposta às interrogações desse mesmo pensamento.

Viver numa redoma, enquadrado por alguns fracos homens de pensamento – que se saiba nunca se atreveram a pensar nada de substantivo – é meio caminho andado para o desastre.

A vitória de António Costa foi enorme. Desde o início que se notava uma grande agitação na sociedade portuguesa por esta eleição, principalmente naqueles a quem este governo tão mal tratou; os reformados e os jovens!

Segundo me parece, votaram muitos mais “velhos” do que jovens.

A casa socialista “foi invadida”, e bem, por muitos cidadãos que tiveram o desejo, ou talvez o impulso, de criar condições para uma nova ordem política.

Nada ficará como dantes.

Ao impulsionar uma consulta ao país simpatizante, e quiçá ao país menos simpatizante, o PS não poderá mais recuar.

Seja para Presidente da Junta de Freguesia como para candidato à Câmara Municipal, e até para a escolha dos candidatos a deputados, os socialistas vão estar confrontados com um novo discurso.

Ninguém perceberá que, ao escolher a figura que os representará – nem a todos, penso eu – em próximas eleições legislativas para candidato a Primeiro-Ministro, o PS não abra decididamente as portas a todas as outras eleições externas. Seria algo insultuoso, para quem se dispôs a dar o seu contributo para a resolução dos problemas emergentes.

A discussão deverá ser feita em paralelo com o combate ao governo do PSD. Tudo conciliável, para que no futuro não “se ande aos papéis”, sem saber o que responder quando questionarem.

O “aparelho partidário” tal qual o conhecemos, vai ter de dar lugar a uma nova forma de gestão política. O exemplo que advém das “primárias” e sobretudo o perfil dos cidadãos independentes que votaram, determinarão outro tipo de comportamento.

Isto cria alguns engulhos aos que se habituaram a comprar a consciência das pessoas, de os atemorizar e das promessas falsas que, diziam eles, “não poderiam ser cumpridas porque os paradigmas se alteraram”! O discurso da falsidade, que doravante não mais fará parte do argumentário popular.

Uma enorme vitória transporta uma enormíssima responsabilidade. Perceber que nos derrotados, há gente capaz, muita dela, muito mais capaz do que gente que esteve com a maioria, é tão necessário como urgente! Aliás, uma medida inteligente. Só quem sabe fazer a diferença, conseguirá “agarrar” a vontade de mudar…e mudar mesmo!

Para vencer é necessário ter um adversário. Se assim não fosse, a democracia não existiria, nem a evolução dos povos se faria.

António Costa saberá fazer a síntese do pensamento dos cidadãos. Oxalá não se engane. Portugal não pode esperar.

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