Opinião – Difícil não acreditar, mas recordar!

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Gil Patrão

Gil Patrão

Gil Patrão

Olhamos para este País, de que tanto gostamos, e perguntamos o que nos leva, e tão depressa, a politicamente tudo parecermos esquecer. Se lembrarmos o que fez quem no passado teve a responsabilidade de governar, e recordarmos o que dizia então a oposição, questionaremos por certo o que tanto oblitera a memória da Nação.

Vimos em magna e inflamada reunião serôdios incitamentos à revolta serem profusamente aclamados. Ouvimos antigos políticos, agora comentadores, atuais políticos criticarem, por estes exporem a todos a verdade. Observámos mesmo recentes escritores, antes políticos caídos em desgraça, pomposamente desfilarem, entre ex-apaniguados e com novas ovações por parte de anónima população.

Todos eles se comportam como se esquecessem que foram os próprios que, no passado, tão mal souberam arquitetar o nosso futuro coletivo. Como se não tivessem imensas e incontornáveis responsabilidades políticas pelo atoleiro económico e social em que nos encontramos. Mas não é o seu despudor que surpreende. Sobressalta sim o esquecimento! Não o deles, mas o nosso, que a tantos permite, tão pouco tempo passado, aclamar de novo quem, ainda há pouco, dizíamos que nos tinha desgraçado.

Parece que nunca aprendemos com os erros cometidos no passado. Parece que somos incapazes de recordar factos singelos e cruas realidades. Mesmo quando são tão profundas e marcantes que a todos condicionam no dia-a-dia e que por tantos anos a todos atormentarão…

Que podemos esperar do passado? Como poderemos desejar que da bruma da memória regresse um qualquer novo Dom Sebastião? Esquecemos que este nunca regressou. Mais importante, esquecemos que por desmesurada devoção e/ou por mera obsessão infantil, aliada a falta de discernimento político, o Império de então entrou em colapso?! Como podemos, no tempo presente, acreditar de novo em quem já provou não merecer a honra de nos governar? E, por maior que seja o atual desencanto, haverá para todos pior engano que ansiar ao passado retornar e repetir erros antigos? Não será preferível encarar de frente o desengano?!

Querer mudar é natural. Aspirar por quem relance a esperança é vital. Mas salutar será preferirmos enfrentar políticas de verdade, se queremos ultrapassar atuais dificuldades e ambicionamos construir um melhor futuro.

Do passado devemos sempre recordar todos aqueles que nos desiludiram, de forma a evitar que em futuros erros incorramos.

Natural será que todos, com acrescido discernimento, decorrente de tantos enganos, no futuro saibamos escolher quem nos irá governar e que para sempre recordemos, para nunca reabilitar, os responsáveis pela desgraça em que hoje estamos.

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