Estado de graça?!

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Álvaro dos Santos Amaro

Ainda não vão muito longe os tempos em que o governo, qualquer que fosse o seu suporte partidário, tinha “direito” aos chamados 100 dias de estado de graça.

Eis senão quando, em resultado de 6 anos consecutivos de governação socialista, o País assiste, em vésperas de eleições, à aprovação pelos três partidos chamados do arco do poder, de um memorando de entendimento com a já conhecida troika.

Seguiram-se eleições onde pouco se discutiu o reflexo de tal memorando ainda que ele tenha feito submergir os chamados programas eleitorais.

Governo empossado em tempo record, depois de uma coligação igualmente constituída em tempo record, e “toca” a governar com o “caderno da troika” afixado na parede.

Quer tudo isto dizer que porventura nunca em 60 dias (ainda faltam 40 para os tais 100) se decidiu tanto e tão importante para o nosso futuro colectivo.

É verdade que de pouco adianta à coligação atirar culpas para o passado. Agora é mesmo fazer rápido e fazer bem. Mas é igualmente verdade que com mais ou menos liberalismo subjacente a algumas das medidas, temos de encontrar razões para tais atitudes políticas. E estas estão claramente associadas a um período muito mau da nossa história democrática. Aqui e ali ainda se vai recordando, porventura com alguma justiça, aquela fase inicial de governo Sócrates. Mas os resultados finais, provenientes dos últimos anos “socialistas” são de bradar aos céus.

A democracia tem que fazer a sua história destes anos. Como foi possível chegarmos a esta situação?!

Esta pergunta, mesmo que não tenha de servir de escudo político para a actual governação, não pode, aqui e ali, deixar de ser colocada, em particular quando se discutem coisas tão diversas mas de tanto impacto entre nós, como seja o futuro do euro ou uma taxa excepcional sobre os rendimentos dos mais ricos. O País precisa de interiorizar um grau de responsabilidade acrescido face à situação que vivemos cá dentro e a que sentimos no quadro europeu.

Virão por aí tempos ainda mais difíceis.

É por isso que sinceramente acredito que o silêncio do líder do PS, que uns criticam, se deve, apesar de tudo, à assumpção da responsabilidade perante a actual situação. Essa sim, é preocupante e não se compadece com qualquer juízo dos 100 dias de Governo.

Nessa altura, ou muito me engano ou estaremos a analisar os chamados cortes na despesa, agora tão reclamados e depois tão criticados.

É tão certo!

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