Opinião – Passado e futuro do tempo pouco presente

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Gil Patrão

Gil Patrão

Vivemos uma crise económica que encontrou terreno fértil numa estrutura produtiva interna vocacionada para satisfazer a procura de bens para a construção civil.

Antes de integrarmos a CEE, já a banca preferia emprestar a quem comprava habitação própria em vez de financiar a produção de bens transacionáveis que aumentassem exportações e diminuíssem importações, e com a entrada dos fundos comunitários, a economia nacional continuou na senda do facilitismo, fomentando a banca um consumismo popular exagerado, com o acordo de sucessivos governos.

Governos que nem desenvolveram políticas que promovessem o gosto pelo risco e empreendedorismo nem implementaram políticas de formação profissional vigorosas, o que vem impedindo que o país tire o melhor partido dos fatores de produção endógena e dinamize devidamente os fatores dinâmicos de competitividade.

Contudo, se carecemos duma economia forte e de políticas económicas e fiscais justas e previsíveis, necessitamos sobretudo de políticas sociais ambiciosas, mas coerentes com a realidade, e dum sistema educativo que forme pessoas aptas a enfrentar o futuro com sucesso, para se desenvolver, melhor e mais depressa, este país.

No passado, sem corrigir insuficiências de modelos de gestão da economia que originaram um crescimento moderado mas não sustentado do país, elegemos quem acelerou de forma imoral a dependência do exterior, endividou demais o Estado, não orçamentou toda a despesa pública em que incorreu e apoiou grandes empresas, tornadas “campeões nacionais” por políticas protecionistas injustas e ineficazes, em vez de ter apoiado, de forma esclarecida e acrescida, as micro, pequenas e médias empresas.

Tudo isto conduziu ao empobrecimento crescente do povo.

Foi o tempo de fulgor de empresas públicas entretanto privatizadas e que enriquecem acionistas e gestores à custa de rendas exageradas e preços desproporcionados, fruto de políticas que protegeram quem dizia ir explorar, “em mercado”, setores chave da economia, mas que ainda hoje praticam preços idênticos ao que outros empresários “privilegiados” vendem “em concorrência”!

Foi a época de imensa concessão de empréstimos de bancos a particulares, com os danos conhecidos! E das políticas de betão em parcerias público-privadas ruinosas para o erário público, que permitiram a algumas grandes empresas do setor das obras públicas tecerem diabólicos laços tão entrelaçados e de tantos interesses cruzados que ainda não foram desatados!

Como a crise não abranda e o capital escasseia, a recuperação económica tarda e não absorve a mão-de-obra disponível, desde a mais qualificada à que não possui qualificações adequadas à Nova Economia… Entretanto, a quebra do PIB acentuou o desemprego e empobreceu o país, o que se reflete no poder de compra.

A renovação do tecido produtivo carece de tempo, dinheiro e de ambientes económicos que ajudem as empresas nacionais a imporem-se mais facilmente nos mercados, pelo que deve haver o maior empenho, rigor, contenção e perseverança nas políticas de crescimento económico e de desenvolvimento humano que quem governa deve implementar.

Governar também é ganhar a confiança de investidores e mercados, atrair capital e empresários para produzir bens transacionáveis essenciais para a economia progredir e conduzir o setor público a contribuir para isso.

Se, com o apoio da esquerda e extrema-esquerda, o atual governo promover e apoiar o investimento privado sem complexos esquerdistas, talvez a economia nacional venha a gerar muito mais riqueza, que possibilite haver maior justiça social.

Se acontecer, talvez haja razões para voltar a ter esperança que o futuro será melhor que o presente.

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