Representantes da nação

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Álvaro Amaro

“Coimbra, 11 de Abril de 2044

Faz vinte anos que o FMI entrou pela terceira vez em Portugal. Na área envolvente à Universidade de Coimbra, a Academia prepara-se para receber a visita dos mais altos representantes da nação.

As ruas estão engalanadas. Todas as fachadas até à Porta Férrea reflectem o colorido tridimensional de projecções que relembram a história do país e a luta de 30 anos pela reconstrução de uma identidade nacional e independência económica perdida. O movimento colorido faz jus ao tempo.

Vinte anos passados, Portugal é uma nação renascida. Os indicadores macroeconómicos colocam-nos no topo do desenvolvimento social e económico. A qualidade de vida, o emprego, a coesão territorial e a estabilidade política são um exemplo para as democracias europeias.

Portugal transformou-se num oásis de desenvolvimento colocando-se em pé de igualdade com o Brasil, a Rússia, Índia e China, grupo do qual também faz parte, desde 2034, Angola. O português converteu-se numa língua de aprendizagem obrigatória face à importância económica dos mercados lusos.

Pela avenida que conduz à Porta Férrea, as gentes aguardam a chegada das entidades, absorvendo todo o aparato mediático que promove a visita dos responsáveis governamentais à Universidade de Coimbra. Ao fundo, três grandes Mercedes começam a trilhar o acesso. A multidão força a barreira para acenar e ver a chegada das individualidades.

Os populares que naquela manhã se deslocaram à Universidade assistem à recepção do Chanceler Europeu pelo Reitor da Universidade e pelo Presidente da Câmara de Coimbra. Há 20 anos que Portugal referendou a entrada da nação na Federação de Estados Europeus.”

 

Nota: Esta minha crónica constrói um cenário hipotético e fictício.

Não tendo condão de adivinho, coloco esta narrativa como uma fantasia que certamente não se abaterá sobre o país. Melhor, espero que parte deste cenário se concretize e que a crise que agora vivemos catapulte Portugal para um novo período glorioso onde o espírito das descobertas oriente a nação. Mais do que culpa, hoje precisamos de esperança. O futuro será o que fizermos dele. A única certeza, para já, é a crise e o FMI. Pobres de nós se não levantarmos a cabeça e recuperarmos os valores que em tempos construíram a nação. Orgulho nacional, esforço produtivo e coragem para competir – há muito que andamos afastados destes valores.

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