Álvaro Amaro
Confesso que estive tentado a escrever a minha última crónica sobre um caso que vai muito para além de Coimbra e por isso o País ficou a conhecê-lo muito bem. Sem dúvida, o Metro Mondego.
Acontece, porém, que a publicação acontecia no sábado, dia de reflexão sobre as eleições presidenciais. Desisti da tentação. Mas mesmo hoje ainda vou muito a tempo de fazer justiça aos três autarcas – Coimbra, Miranda e Lousã –, a toda a população justamente a protestar e sem esquecer, como é óbvio, o meu amigo Jaime Ramos que tem sido um impulsionador e porta-voz com posições construtivas e, por isso, mobilizadoras. Aqui fica, pois, o meu registo face a uma causa que vale a pena e ultrapassa todas as fronteiras do mero debate político.
Sejamos sinceros.
O Governo andou mal, avaliou pior e agora não lhe resta outra alternativa que não seja “voltar atrás”.
Que sentido faria deixar tantos milhares de pessoas sem transporte condigno?!
Mesmo em clima de contenção, não se pode avaliar tudo por igual. Há situações que merecem uma reflexão mais adequada antes de qualquer decisão. Esta é uma delas.
Talvez por isso surjam as notícias de que o Governo e os autarcas vão agora discutir o futuro do Metro Mondego. Ainda bem. Mas apetece perguntar se havia necessidade de toda esta luta?!
É certo que vale mais tarde do que nunca, mas custa perceber esta táctica política do Governo nesta como noutras matérias. Então o que agora se vai fazer (assim esperamos!) com esse diálogo não seria a atitude mais conforme à situação?
O PS e o Governo já “perderam o norte” e “disparam” para todos os lados. Longe vão os tempos em que assistíamos à orquestra afinada e com maestro bem atento, mesmo que a música não fosse a melhor.
Hoje, tudo é bem diferente.
Mesmo no nosso Metro Mondego, o actual Secretário de Estado dos Transportes disse o que disse e a anterior titular do cargo, agora deputada, dizia alto e bom som que a obra tem de prosseguir o seu caminho.
E o que dizer do Ministro dos Assuntos Parlamentares que veio defender a redução de deputados para 180 e ouvir logo de seguida o líder parlamentar afirmar que isso… nem pensar?!
É mesmo uma autêntica desafinação.
Que se perdeu o rumo, que se governa à deriva, que se perderam causas que mobilizem os portugueses, disso parece já não haver dúvida.
Mas ao menos que o Governo tenha em conta o seu compromisso orçamental com o país. É importante que o cumpra com rigor.
Uma última palavra para a direcção e todos os profissionais que dia a dia tentam o melhor para o Diário As Beiras. Foi uma bonita festa de lançamento. Que o sucesso seja também o desse magnífico espaço territorial que são… as Beiras, ou, digo eu, a Região Centro.