Opinião – Coimbra, a Praça 8 de Maio e “certas histórias”…

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A história da Praça 8 de Maio de Coimbra começou muito antes de, nesse dia de 1834, as tropas liberais do Duque da Terceira terem entrado na cidade, oito dias antes da batalha da Asseiceira, cujo desfecho fez com que, dez dias depois, na Convenção de Evoramonte, cessasse a Guerra Civil entre liberalistas (D. Pedro IV) e absolutistas (D. Miguel), após dois anos de duras pelejas.

Conhecida desde o século XVI por “Largo de Sansão“, por aí ter existido uma fonte encimada pela estátua desta figura bíblica, desde os primórdios da nacionalidade que a Igreja de Santa Cruz engrandece o local, e que as suas carcomidas pedras recordam o poder (entretanto perdido) da primeira capital do antigo reino ao longo da História. E hoje, embora nem pareça, Santa Cruz é também Panteão Nacional, aí jazendo D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal, e D. Sancho I, que, ao povoar o reino, consolidou a independência, e as conquistas feitas por seu pai.

Com a instalação da Câmara Municipal no edifício que ladeia a Igreja de Santa Cruz, a Praça passou a dominar a região de Coimbra, por ser daí que sucessivos edis têm governado esta terra. E, apesar de a Alemanha nazi ter caído formalmente aos pés dos Aliados em 8 de maio de 1945, sendo este dia comemorado na Europa como Dia da Vitória e do final da II GG (Grande Guerra Mundial) no espaço europeu – já que a mesma continuou em locais mais longínquos -, a cidade não tem associado a “sua Praça de 8 de Maio” às efemérides europeias, o que evidencia que a neutralidade na II GG fez esquecer que o futuro deste país depende também do devir da Europa.

Nos últimos anos, a Praça 8 de Maio vem assistindo a frouxas escaramuças, pela sensaboria de sessões autárquicas prejudicadas pela descida nos “rankings” municipais de transparência, o que dificulta saber o que se passa a quem se interessa pela urbe, e se reflete no pouco vigor colocado por certas oposições a quem preside à Câmara há cinco longos, mas pouco profícuos mandatos. Hoje, já não circulam viaturas nesta Praça, mas ao lado, pela primeira vez na história da cidade, há quem diga que estacionará um automóvel sumptuoso, “um certo A8”! Será mesmo verdade?!

Se for, e caso seja cumprida uma certa promessa, repetida no início deste mandato autárquico, em 2021 tal Praça aclamará quem agora há quem diga que percorrerá o país num carro de sonho (no que não quero crer), em prol de notável associação. Mas se a região tiver um aeroporto, será com pompa que um ilustre político sairá da Praça 8 de Maio para embarcar (em executiva?) para qualquer lugar, por obra e visão de quem há “maldizentes” a afiançar que desgoverna Coimbra. E mesmo que as obras do aeroporto se iniciem em 2020, no final do atual mandato, as oposições serão esmagadas por quem, só com isso, assegurará um oitavo mandato, e muitos terão de pedir desculpa por não terem acreditado no que prometeu fazer, nesta sua quinta presidência… E decerto que todos o faremos com extremo agrado, por Coimbra precisar de uma ligação aérea ao mundo para progredir, mesmo que o aeroporto de tráfego internacional não fique no Aeródromo Bissaya Barreto, por este não reunir as condições necessárias para tão grandiosa transformação.

Mas se, por exemplo, numa “quase planície”, entre a A1, a A14 e a A17, logo pouco distante de Coimbra, da Figueira da Foz e de Aveiro, perto de um nó rodoviário e da ferrovia, for escolhido um local adequado para um aeroporto que há muito devia existir, para o desenvolvimento da Região Centro, quem o edificar fará história, e será lembrado! No caso impensável do aeroporto não vir a existir em qualquer lugar, a “Coimbra da Praça 8 de Maio”, em vez de levantar voo e progredir, mesmo que “voe então num certo A8”, continuará a derrapar, até se despistar de vez!

 

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