O itinerário principal entre Coimbra e Viseu, de má memória por tantos que nele já perderam a vida ingloriamente, aproximou estas cidades, que, apesar do perigo estar sempre à espreita, passaram a distar entre si pouco mais de três quartos de hora, descontando o tempo gasto nos seus perímetros urbanos.
Mas desde que o IP 3 foi aberto, que, logo que o trânsito aumenta um pouco mais, se complica a circulação numa via demasiado estreita, e que desde sempre mostrou ser tão pouco principal, que as populações locais logo começaram a reclamar por outra, melhor concebida, e muito mais segura, para diminuir uma tão indevida como tenebrosa sinistralidade.
Enquanto as décadas foram passando e os governos mudando, de todos estes ouvimos inúmeras promessas políticas de melhorias, mas só vimos ocorrer deslizamentos e aluimentos de terras que ocasionaram o estreitamento (permanente?) de umas apertadas faixas de rodagem que mais estreitas foram ficando, enquanto ocorreram inumeráveis e graves acidentes, com e sem embates frontais. E sobretudo, houve a perda irreparável de quem neles encontrou a morte, ou ficou com sequelas permanentes. E como a flagrante falta de segurança de uma via que devia desenvolver o eixo Coimbra / Viseu nunca foi resolvida verdadeiramente, o perigo continua a estar presente!
Há cinco anos, na transição para o primeiro governo de Costa, havia a esperança de ligar Viseu e Coimbra pela dita autoestrada dos Duques. Como se lembrarão, a então presidente da CCDR Centro, hoje ministra da Coesão Territorial, garantia que a mesma seria construída, mesmo que recorrendo a investimento privado, o que me levou a opinar nas Beiras, por descrer do que lia.
Mas, contrariando esta minha convicção, no final do último estio (e por certo que não foi por ser em vésperas de eleições legislativas), a prometida remodelação do IP 3 foi anunciada. Quase corei de vergonha, por não ter acreditado numa geringonça que mostrou ser deveras engenhosa!
Mas hoje, o IP 3 está encerrado logo à saída de Coimbra, e quem nele pretender circular terá de andar por quelhos e ruelas em terras de Penacova, pondo em risco a sua vida, e as de quem aí vive, por força de um infernal trânsito rodoviário que não cessa de aumentar, e de poluir o ambiente. E quando no pretérito dia de Reis fui a Mortágua, constatei que esta viagem foi mais tormentosa e demorada do que nunca! Porque destratará este governo, tão desfavorecida região?
Não será pela impossibilidade de investimento público, com que a oposição culpava o anterior e vilipendiado governo que prestava contas à “troika”, já que hoje há excedentes orçamentais! Nem por desconhecer o envelhecido e atrasado interior deste nosso país, pois a supracitada ministra conhece uma das regiões mais pobres da União Europeia, e ainda há poucos meses, numa das muitas e tão oportunas pré-campanhas eleitorais, houve em Penacova uma concorrida festa ministerial, para publicitar, “urbi et orbi”, o que seria, em breve, uma “quase” autoestrada!
Há poucos dias, algumas forças vivas da região despertaram, e alertaram para a conveniência da estafadíssima pretensão de ligação entre a A 13 e o IP 3, para que, e para além daquela “quase” autoestrada, venha a existir uma autoestrada similar às muitas que enchem o litoral do país, e às poucas que ligam algumas terras do seu interior…, mas a norte e a sul do interior do Centro, já que por aqui pouco mais há, para além da quase deserta A13 que, incrivelmente, pára a poucos quilómetros de assegurar uma ligação bem mais segura aos diversos locais das terras de Viriato!
Mas já se prevê o que acontecerá. O trânsito no IP3 continuará a passo de caracol. E se a incerta ligação entre a A 13 e o IP 3 for aprovada próximo de novas eleições (obviamente que por mero acaso), será logo metida no saco das cativações. Duvida? Oxalá tenha razão, e a região progrida!