Opinião – Urgente: equação de valores por resolver

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Hélder Bruno Martins

Diz-se que o lucro das empresas, particularmente das multinacionais, faz aumentar os postos de trabalho. No entanto, o número de postos de trabalho reduziu drasticamente em toda a Europa nos últimos 10 anos. Está à frente de todos que o crescimento de algumas empresas não aumentou o número de postos de trabalho. Pelo contrário! Nos últimos anos temos assistido à promoção e à implementação da automação e da robotização, em vários serviços e setores, de atendimentos à distância, de sistemas digitais de comunicação e de compra e venda, de caixas de pagamento automático. O trabalho precário aumentou, o desemprego continua com indicadores alarmantes e os índices de pobreza internacional e de exclusão também, apesar de um ligeiro recuo.
As “reestruturações” das multinacionais descartam funcionários com vários anos de empresa, na sua maioria, funcionários que rondam os 50 anos de idade. Os mais novos em início de carreira e cheios de sonhos e ambições sujeitam-se, nessas multinacionais, a baixos salários com o objetivo de chegar a um “lugar ao sol” (esquecendo-se que lhes vai acontecer o mesmo que aos outros quando tiverem 50 anos). Já para não falar da hipocrisia reinante no “Ocidente dos valores Cristãos”, que procura produzir os seus produtos em geografias onde os direitos humanos, as regras ecológicas e ambientais, são inexistentes.
Ambientalmente, o planeta está em colapso. Os níveis de consumo a que chegámos não são compatíveis com a capacidade regeneradora da natureza: do ar, da água, das florestas, dos vários recursos naturais. Os consumos de carne e leite e seus derivados, de refrigerantes, de componentes eletrónicos e eletrodomésticos, de combustíveis fósseis, terão que reduzir drasticamente.
Os principais responsáveis pela situação somos nós, consumidores. Atirar as responsabilidades para os empresários e para os empreendedores é pura hipocrisia. São os consumidores os verdadeiros responsáveis por esta situação: pelo sucesso destes grandes grupos, pelo aumento da poluição, do trabalho precário, do desemprego.
A automação, a robotização, as aplicações digitais promoverão, cada vez mais, a libertação da mão de obra intensiva, rotineira e repetitiva. Reduzirão os postos de trabalho, mas, por outro lado, surgirão novas propostas de reorganização das sociedades. A este respeito, surge particularmente interessante a proposta que tem vindo a ser cada vez mais discutida como uma das respostas mais pertinentes ao enleio atual: trata-se do Rendimento Básico Incondicional (RBI) – uma mensalidade a atribuir incondicionalmente a cada cidadão. O financiamento poderá passar, numa primeira fase, pela taxação fiscal dos sistemas de produção que substituem mão de obra (automação, robotização, atendimento à distância, etc.). O RBI – universal, livre e individual – provocará uma diminuição do consumo e, consequentemente, dos índices de poluição. O bem-estar aumentará significativamente. A criatividade, a imaginação, a capacidade inventiva e de superação dos cidadãos irão fazer aumentar os indicadores de progresso e de prosperidade. A família afirmar-se-á como instituição estruturante que é. Aumentará o tempo para os afetos, os sentimentos e as emoções. Reduzirão as despesas do Estado com encargos sociais, saúde, Segurança Social, com a própria máquina do Estado. Uma nova sociedade poderá emergir.

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