Opinião: O Portugal do futuro

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Nas eleições legislativas de seis de outubro, Portugal voltará a decidir o futuro. Abrangendo tais eleições um quadriénio, talvez seja por isto que poucos políticos pensam o país a mais longo prazo. Mas os líderes políticos, que parecem andar sempre em campanha eleitoral, deviam dizer mais o que farão se governarem o país, e usar menos demagogia ao exporem as suas ideias.

Até porque quase nunca nos dizem o que não fizeram, ou o que fizeram mal, nem referem as muitas promessas que deixaram de cumprir, desrespeitando a palavra dada e iludindo os seus eleitores.

Pelo que quando apresentam programas de governo, deviam evidenciar o custo das medidas que propõem e como serão financiadas. E como empresas e famílias já não suportam pagar mais impostos, deviam explicitar as razões das suas escolhas, entre todas as que será preciso executar para melhorar a qualidade de vida dos portugueses. Aqueles que o não fizerem contrariarão uma regra essencial da democracia representativa. É que seja quem for que governe, deverá faze-lo em nome do povo e para bem de todos, e sem olvidar que terá que fazer muito mais com menos.

Mas prova de que nem sempre assim tem sido, são os frequentes casos de governantes alvo de processos de averiguações sobre fraudes e corrupções, haver condenações exemplares, e penas de prisão efetivas. Numa era com tantas ameaças sobre o futuro, escolher quem governará o país exige saber exatamente o que propõem os candidatos, que não deverão enganar quem for votar.

Todos queremos uma administração pública eficaz e célere, mas não é o que temos tido! E se têm havido progressos, subsistem insuficiências. Porque há mestrados e outros cursos superiores que “formam” subempregados e desempregados? Porque não há médicos de família para todos? Porque aguarda tanta gente até morrer, por cirurgias e tratamentos que salvariam vidas?

Porque espera meses, ou anos, quem entra na reforma, para começar a receber aquilo a que tem direito, se as pensões são formadas pelos descontos feitos ao longo de longas vidas de trabalho? Com impostos exorbitantes, como nunca houve antes, e havendo “superavit”, porque não existe maior investimento público em infra-estruturas vitais? Com o desemprego a cair, porque temos tantas greves e contestações laborais? As perguntas seriam infindáveis, mas raras obteriam respostas…

Face a tantos casos que as televisões evidenciam diariamente e que os jornais revelam, num país em que a ditadura terminou há 45 anos, quase o mesmo lapso de tempo em que a mesma atrasou o desenvolvimento do país, ninguém, e muito menos os líderes políticos, devia ficar indiferente. Mas alguns ficam!

Quanto a quem costuma disfarçar as realidades, e quando tem de admitir que algo está “menos bem”, atribui culpas a quem governou antes, a questão central é saber se com tal governante o país aumentará a produtividade global, e se, parafraseando Fernando Pessoa, Portugal será cabeça da Europa, deixando de estar na cauda da União Europeia e da Zona Euro.

Para concluir, apesar do tempo ameno, já ardeu no país mais do dobro da área ardida no mesmo período do ano passado. Mas sobre o que o aquecimento global tem provocado e provocará cada vez mais, este Governo “passou a bola” para os proprietários florestais, como se o estado deprimente do mundo rural não fosse fruto das suas míseras políticas agrícolas e florestais, mas de quem tem leiras com árvores vendidas ao desbarato a indústrias que com elas fazem fortunas.

Mas o povo é tão sereno, que cala e consente que haja quem o prejudique e explore legalmente. Só que, enquanto assim for, o Portugal do futuro não será muito diverso do Portugal do passado. Porém, se um dia houver outra atitude, e governos idóneos, o futuro de Portugal será brilhante!

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